A economia portuguesa subiu três lugares, para a 39.ª posição, do ranking mundial da competitividade IMD, liderado pela Dinamarca, Irlanda e Suíça, mas a política fiscal e o mercado de trabalho surgem como as piores classificações do país.
“Escalando três posições face a 2022, Portugal surge no 39.º lugar do estudo publicado pelo Centro de Competitividade Mundial do IMD (WCC) […]. Recuperando de uma queda de seis lugares no ano passado, o país fica ainda assim três posições abaixo do resultado obtido em 2021 (36.º)”, indicou, em comunicado, o IMD.
Esta avaliação, que abrange 64 economias globais, é agora liderada pela Dinamarca, Irlanda e Suíça, com Singapura e os Países Baixos a fecharem o top cinco. Portugal registou melhorias em dois dos quatro indicadores-chave.
No caso do desempenho económico passou do 46.º lugar para o 42.º, enquanto na eficiência empresarial está agora na 41.ª posição, quando no ano passado estava na 42.ª. Porém, na eficiência governativa mantém-se em 43.º lugar. Na pontuação do fator infraestruturas, o país desce dois lugares (32.º).
De acordo com a mesma nota, Portugal destacou-se positivamente em subfatores como a educação (23.º lugar), quadro social (24.º), comércio internacional (26.º) e saúde e ambiente (27.º).
No sentido oposto, as piores pontuações verificaram-se em matérias de política fiscal (54.º posição), mercado de trabalho (51.º), práticas de gestão empresarial (51.º) e finanças públicas (49.ª).
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“A melhoria de Portugal na classificação geral dever-se, em grande medida, aos seus progressos significativos em termos de desempenho económico, nomeadamente nos subfatores economia mundial e comércio internacional. Portugal também apresenta um bom desempenho em alguns aspetos de eficiência empresarial, tais como a produtividade geral, o crescimento a longo prazo da força de trabalho, o índice da bolsa de valores e a eficiência da resposta do setor privado às oportunidades e ameaças do mercado”, apontou, citado no mesmo comunicado, o economista sénior do WCC, José Caballero.
No que se refere aos desafios para Portugal, o estudo destaca a garantia de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior à média da União Europeia.
Soma-se a necessidade de desenvolver uma estratégia para promover as competências de gestão, transformação digital e transição energética, bem como um acordo interpartidário sobre estratégias para fazer face a questões demográficas, como o envelhecimento e a baixa taxa de natalidade.
Por outro lado, Portugal deve “encorajar reformas na justiça, saúde, educação e segurança social que possam promover serviços públicos de qualidade e reduzir o endividamento económico”.
A análise revelou também que os níveis globais de confiança das empresas “são pouco animadores”, considerado o resultado de um inquérito de opinião executiva de competitividade mundial, um dos dados enquadrados no relatório.
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Os riscos de recessão, abrandamento económico, pressões inflacionistas e conflitos geopolíticos superam as preocupações com os temas ambientais e com as alterações climáticas. Os países que se destacam na adaptação à imprevisibilidade “tendem a construir economias resistentes” ou os governos adaptam as políticas “em tempo útil”, face às condições económicas.
Países com uma produção interna de energia estável, cadeias de abastecimento sólidas e balanças comerciais favoráveis também têm conseguido ultrapassar “os efeitos da turbulência na economia mundial”.
A inflação, por seu turno, também impactou as pontuações ao nível da competitividade, sendo que os países com taxas de inflação mais elevadas perdem terreno face aos que têm baixos níveis de inflação.
Por exemplo, a Letónia, que caiu do 35.º lugar para o 51.º, sobretudo, devido à deterioração do seu desempenho em termos de eficiência governamental e empresarial. Nos últimos cinco lugares deste ranking figuram o Brasil (60.º), a África do Sul (61.º), a Mongólia (62.º), a Argentina (63.º) e a Venezuela (64.º).