O Padrão dos Descobrimentos voltou a ser vandalizado. À semelhança do que tinha acontecido há dois anos, e numa altura em que aguarda classificação como monumento nacional ou de interesse público, monumento que assinala o período de expansão marítima portuguesa voltou a ser alvo de ativistas, que protestam contra o que dizem ser um símbolo do período colonial português.
Segundo o presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, que gere o Padrão, citado pelo Público, o incidente terá ocorrido na terça-feira. Nesse dia, numa das esferas armilares ao lado do monumento, terá sido feita uma inscrição em tinta preta, na qual se podia ler: “A nação que matou África, Wakanda4Ever”. A frase é uma referência a Wakanda, uma nação futurista e tecnologicamente avançada, situada no continente africano e com origem nas histórias de banda desenhada da Marvel. Em anos recentes, este país fictício ganhou novo protagonismo graças às adaptações para cinema do super-herói Pantera Negra, tornando-se um símbolo particularmente acarinhado pela diáspora africana em todo o mundo.
Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, vandalizado com mensagem em inglês
A Polícia Judiciária já esteve no local a dar conta da ocorrência. O graffiti, desta vez, aparenta ser mais fácil de remover do que aquele que, no verão de 2021, cobriu a estrutura principal do Padrão dos Descobrimentos. Na altura, um casal de ativistas estrangeiros escreveu uma inscrição de 20 metros, escrita em inglês, na qual se lia algo como “Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate”.
Este novo ato de vandalismo acontece poucos dias depois de se tornar público que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um processo para avançar com a classificação da estrutura como monumento nacional e de interesse público, corrigindo uma lacuna detetada em 2021.
Construído pela primeira vez em 1940 em gesso e argamassa, como parte do cenário da Exposição do Mundo Português, o Padrão dos Descobrimentos voltou a ser erguido em pedra e betão vinte anos depois, no contexto da comemoração dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique.
Em anos recentes, a obra tem estado no centro de um alargado debate público: de um lado, os que defendem que a obra é um importante monumento que assinala os descobrimentos portugueses e, do outro, aqueles que a descrevem como uma relíquia do Estado Novo e do período colonial.