O advogado de defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro considerou esta quinta-feira que o que está em causa no julgamento que começou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não é “bolsonarismo”, mas uma reunião com embaixadores estrangeiros.
“Não está em julgamento, como quer se fazer crer, o ‘bolsonarismo’, não se está a arbitrar uma disputa sangrenta imaginária entre civilização e barbárie”, afirmou Tarcísio Vieira de Carvalho, na tribuna do TSE, onde se julga a possibilidade de Bolsonaro perder os seus direitos políticos por oito anos.
Vieira de Carvalho frisou ainda que os sete juízes que compõem o TSE não devem considerar outros temas.
O advogado referia-se à minuta de um decreto que teria como objetivo reverter o resultado das eleições promovendo uma intervenção no tribunal eleitoral que foi encontrada em casa do ex-ministro Anderson Torres durante uma operação por suposto conluio durante os ataques de seguidores de Bolsonaro aos três poderes na Esplanada dos Ministérios, a 8 de janeiro.
“Está em julgamento a reunião com os embaixadores, havida muito antes do início do período eleitoral, em que o Presidente, sim, talvez em tom inadequado, ácido, excessivamente contundente, fez colocações sobre sistema eleitoral, aprimoramentos necessários sobre sistema de colhimento de votos”, afirmou Tarcísio Vieira de Carvalho, frisando que “o tribunal é um tribunal, não é um parlamento”.
Por essa razão, a defesa de Bolsonaro criticou o facto de este caso estar a ser associado ao gatilho que provocou os ataques de radicais aos às sedes dos três poderes em Brasília.
Antes, o advogado que representa a acusação no julgamento que pode custar ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro os seus direitos políticos, disse que deve ser considerado culpado de crimes eleitorais e de tentativa de golpe de Estado.
“Ataques sistémicos à democracia, principalmente aos ministros. Que cena triste da nossa história. A esta Corte e ao STF [Supremo Tribunal Federal]. Tentativa nítida de golpe militar, de golpe de Estado”, afirmou o advogado Walber Agra, no plenário do TSE.
A ação, corroborada pelo Ministério Público Eleitoral, argumenta que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião que o então chefe de Estado brasileiro organizou, em plena campanha eleitoral, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, casa oficial do Presidente em Brasília, a 18 de julho de 2022.