Portugal registou um excedente de 1,2% do PIB no primeiro trimestre do ano, divulgou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Considerando os valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP no 1º trimestre de 2023 foi positivo em 761,3 milhões de euros, correspondendo a 1,2% do PIB”, revela o INE. Este valor compara com um défice de 0,6% no período homólogo.
Segundo o INE, tendo em conta os valores trimestrais, a receita subiu 9,3% e a despesa 4,3%. A receita evolui desta forma à boleia dos impostos sobre o rendimento e património (11,7%) e das contribuições sociais (12,2%), fruto da recuperação da economia, da dinâmica do mercado de trabalho e da inflação.
“A evolução positiva da receita fiscal (7,7%) e contributiva (12,2%) evidencia a recuperação da atividade económica, o comportamento do mercado de trabalho, bem como, no caso dos impostos sobre a produção e importação, o crescimento dos preços. A receita de capital registou um aumento de 70,1%, pelos motivos referidos na análise do ano terminado no trimestre”, explica o INE.
Já a despesa corrente cresce 3,9%, fruto do aumento das prestações sociais pagas (2,6%) e das despesas com pessoal (6,5%) que aconteceram com a subida do salário mínimo pago no Estado e de 52 euros, ou 2%, para os restantes trabalhadores. Os encargos com juros registaram um aumento de 22,1% e o consumo intermédio registado cresceu 0,9%.
Por outro lado, os subsídios registaram uma diminuição de 3,2% e a outra despesa corrente caiu 4,8%. Já a despesa corrente primária, que exclui os juros pagos, aumentou apenas 2,8% e a despesa de capital aumentou 11,5%, em resultado do crescimento de 4,5% do investimento e de 41,4% da outra despesa de capital, devido a uma “maior utilização” das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para ajudas ao investimento.
Estes dados consideram os valores trimestrais e não o ano terminado no primeiro trimestre. Se tivermos em conta este segundo indicador, o excedente seria de 0,1%, uma melhoria face ao défice de 0,4% no último trimestre de 2022.
De facto, em 2022, o país fechou o ano com um défice de 0,4% do PIB, abaixo da estimativa do Orçamento do Estado para esse ano, de 1,9%, “reflexo da contínua recuperação da atividade económica após os impactos da pandemia de COVID-19 sentidos ao longo dos dois anos anteriores”, indicou o Governo no Programa de Estabilidade 2023-2027. Para este ano, o Executivo também prevê um défice de 0,4%.
Poupança das famílias volta a cair
Depois de um ligeiro aumento no trimestre anterior, a taxa de poupança das famílias voltou a ceder (e cedeu 8,4%) no primeiro trimestre do ano, atingindo os 5,9%. Esta evolução é explicada pelo aumento de 2,6% do consumo privado, superior ao crescimento do rendimento disponível bruto (que sobe 1,9%). Ambos os indicadores estão expressos em termos nominais, ou seja, não têm o efeito da inflação. Com esse efeito, o consumo privado sobe 0,7% e o rendimento bruto disponível cai 0,1%.
“O RDBa [rendimento disponível bruto ajustdado] das Famílias em termos reais, o qual utiliza o índice de preços implícito no consumo final como deflator e constitui um indicador mais adequado num contexto de inflação elevada, diminuiu 0,1% no 1º trimestre de 2023, após um aumento de 0,8% no trimestre anterior”, avança o INE.