Meia centena de farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) manifestaram-se esta terça-feira em frente ao Ministério da Saúde para exigir a valorização da carreira e a revisão da tabela salarial, lembrando que “não há aumentos salariais desde 1999”.
Luís França é farmacêutico no Hospital Beatriz Ângelo, mas esta terça-feira trocou o seu posto de trabalho pela rua em frente ao ministério da Saúde para exigir mudanças que respeitem estes profissionais.
À Lusa, o farmacêutico contou que tem o mesmo ordenado há mais de 20 anos, porque “a tabela salarial não é atualizada desde 1999”.
Luís França, que tem no seu currículo um curso de seis anos e um mestrado, ainda trabalha a contratos e, perante “a falta de condições, pouca consideração e nenhumas perspetivas”, decidiu agora apresentar a sua demissão.
“Numa semana, três seniores do Beatriz Ângelo decidiram sair”, revelou o manifestante, que aderiu ao protesto desta terça-feira com um cartaz dizendo “21 anos, 8 meses e 25 dias! Este tempo não conta?”.
Ao seu lado, Ana Isabel Rodrigues, farmacêutica no Hospital Santa Maria, também quis vir para a rua para chamar a atenção do ministro para a necessidade de serem retomadas as negociações que “permitam corrigir as injustiças”.
Farmacêutica há 31 anos, Ana Rodrigues disse à Lusa que naquele hospital “não há progressão na carreira desde 1999, porque não abrem concursos”. Resultado: O seu ordenado também se mantém inalterado há mais de duas décadas.
Segundo Henrique Reguengo, presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) “existem mil farmacêuticos hospitalares” que fazem um trabalho essencial, mas “escondido, e por isso parecem ser sempre esquecidos pelo ministério da Saúde”.
Henrique Reguengo lembrou que estava agendada uma reunião com a tutela que “não se realizou nem foi remarcada”.
O sindicalista sublinhou que não pretende uma reunião “para ir tomar um cafezinho”, mas sim para que sejam tomadas medidas que permitam adequar o número de farmacêuticos no SNS às necessidades das atividades farmacêuticas, para que haja uma valorização da profissão, atualização salarial e para que os contratos precários sejam regularizados.
Além disso, pede o reconhecimento e homologação dos títulos de especialista atribuídos pela Ordem dos Farmacêuticos e a definição e regulamentação de um processo que regularize o acesso à especialidade e residência farmacêutica por parte dos contratados depois de março de 2020.
O presidente do sindicato decidiu deixar esta terça-feira no ministério um manjerico para entregar ao ministro.
Esta terça-feira realiza-se o segundo dia de greve dos farmacêuticos, com paralisações nos distritos de Beja, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Santarém, Setúbal Região autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira, continuando na próxima quinta-feira nos distritos de Bragança, Braga, Porto, Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro, Castelo Branco, Guarda, Coimbra, Leira e Viseu.