Entre 31 de agosto e 1 de setembro, vai decorrer em Lisboa a primeira edição do Book 2.0, um evento sobre o futuro do livro e da leitura em Portugal e na Europa. Organizado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), o Book 2.0 vai estar integrado na Festa do Livro em Belém, que se vai realizar entre 31 de agosto e 3 de setembro no Palácio de Belém.
Pedro Sobral, presidente da APEL, explicou durante a apresentação da iniciativa, esta quinta-feira de manhã, que o Book 2.0 surgiu de um desafio lançado pelo Presidente da República, “sempre muito sensível a esta causa”, e de uma vontade dos representantes do setor, que sentiam que faltava “outro elemento” de discussão do futuro do livro e da leitura em Portugal além da Feira do Livro de Lisboa, que se tem afirmado cada vez mais como “um dos pilares da formação de novos leitores”.
Apontando que o setor do livro tem vindo a mudar em Portugal e que há cada vez mais pessoas a ler e a comprarem livros para ler, o que antes não acontecia, Pedro Sobral destacou a necessidade de se pensar o futuro, olhando para “os modelos educacionais que podem ser implementados” e para os desafios que o setor enfrenta. Referindo-se ao aumento do número de leitores, o responsável disse que “ouvimos muito que este crescimento é uma moda e as modas podem ser transitórias”. Para evitar que isso aconteça, é preciso encontrar soluções para que a “moda” se torne permanente.
Durante dois dias, o Picadeiro Real, em Belém, vai ser palco de uma discussão que vai envolver editores e outros profissionais do setor, representantes do poder político, mas também escritores e pensadores portugueses e estrangeiros. Entre os nomes já divulgados, contam-se os autores Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares, Rodrigo Guedes de Carvalho, Jeanine Cummins e Juan Gabriel Vásquez, entre outros. Os ministros da Cultura e da Educação e o Presidente da República também vão participar. Outros nomes serão anunciados até o início do evento.
A programação vai girar em torno de três eixos ou temas principais: “O poder de transformar o nosso mundo”, que vai apontar linhas de debate sobre como os livros podem prosperar em tempos de mudança; “O futuro da edição na era digital”, que vai analisar a literária à luz das novas tecnologias e como estas podem contribuir para a aceleração da colocação do livro no mercado; e “Da pegada ecológica à diversidade”, sobre sustentabilidade e maior representatividade no setor.
Além de criar um espaço de discussão, a APEL espera com o Book 2.0 contribuir para a criação de “um compromisso, idealmente escrito, entre todos os intervenientes para termos uma noção clara de quais são as políticas possíveis que devemos desenvolver”, afirmou Pedro Sobral. O responsável disse que seria também positivo que fosse promovido um estudo anual sobre índices de leitura em Portugal, acerca dos quais existem poucos dados. Apenas a compra e venda de livros em Portugal é analisada com regularidade e os números mais recentes mostram que houve um crescimento. Relativamente à última edição da Feira dos Livros de Lisboa, as estatísticas serão divulgadas em breve.
“A leitura é uma das variáveis mais críticas do desenvolvimento pessoal. É a única ferramenta que nutre a linguagem e só assim podemos contribuir para um Portugal mais desenvolvido”, defendeu o presidente da APEL. Pedro Sobral disse que gostava que, no futuro, se pensasse que apenas com índices de leitura mais elevados é possível ter um país economicamente mais sustentável e não o contrário.
O Book 2.0 vai decorrer no Picadeiro Real. Haverá lugar para 350 pessoas. Será lançada em breve uma plataforma de registo. Pedro Sobral apelou a que os interessados se inscrevam o mais rapidamente possível, uma vez que é provável que o evento esgote. A entrada é livre.