Cinco anos depois do afastamento de Mariano Rajoy, o Partido Popular está cada vez mais próximo de voltar a governar Espanha. A mais recente sondagem realizada no país vizinho, divulgada na noite desta sexta-feira, mostra uma subida das intenções de voto no PP, sobretudo em resultado de uma transferência de votos do PSOE, que parece estar a perder terreno.
Assim, de acordo com a sondagem do Sigma Dos, para o jornal El Mundo, o PP poderá obter, nas eleições antecipadas de 23 de julho, 34,4% dos votos, elegendo 140 a 143 deputados. O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, terá conseguido estabilizar a campanha, invertendo a ligeira queda nas intenções de voto dos populares, que se vinha registado nos últimos estudos de opinião.
Com uma subida de 0,4% em relação ao último estudo de opinião do Sigma Dos, o PP aumenta a vantagem em relação ao PSOE, que soma 28,2% das intenções de voto (menos 0,2% do que na última semana). Com este resultado, o PSOE elegeria 102 a 105 deputados — menos do que os 120 que tem atualmente.
O Vox, de Santiago Abascal, mantêm-se como a terceira força política em Espanha, à frente do Sumar (a coligação firmada entre os partidos à esquerda do PSOE, e que inclui o movimento da vice-primeira-ministra espanhola Yolanda Díaz e o Podemos). Assim, se as eleições legislativas espanholas fossem hoje, o VOX recolheria 13,5% dos votos (34 a 36 deputados) e o Sumar 12,8% (31 a 33 deputados) — sendo que a coligação de esquerdas perde quase um ponto percentual em relação à semana passada.
Se o Vox perde votos em relação às eleições gerais de 2019, o mesmo acontece à esquerda mais radical. O resultado da coligação Sumar é inferior ao do Podemos (que concorreu sozinho) em 2019.
No cenário trazido por esta sondagem, o PP e os Vox teriam deputados suficientes, nas margens centrais de cada resultado, para formar maioria no Congresso dos Deputados. Para tal, são necessários 176 deputados. À coligação juntar-se-ia, muito provavelmente, a União do Povo Navarro (partido nacionalista da região de Navarra, conservador), que conseguirá um a dois deputados.
A acontecer, a responsabilidade é toda do crescimento eleitoral do PP: a liderança de Núñez Feijóo, ao centro, permite aos populares retirar centenas de milhares de votos aos socialistas, o que pode fazer a diferença na noite eleitoral para a formação de uma maioria com o VOX. Segundo a sondagem, quase 890 mil eleitores que, em 2019, votaram em Pedro Sanchéz vão agora optar pelo ex-presidente da Comunidade Autónoma da Galiza. A perda eleitoral de Sanchéz só não é maior porque o PSOE consegue ‘roubar’ mais de 750 mil votos aos partidos à sua esquerda.
A sondagem, feita entre os dias 26 e 30 de junho, mostra também uma aproximação dos votos entre os dois principais partidos catalães: a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) terá entre 10 e 11 deputados (atualmente tem 13), enquanto o Juntos pela Catalunha (JxCat) poderá também entre 10 e 11 deputados (contra os oito atuais). Já a Candidatura de Unidade Popular (CUP — partido independentista radical) deve eleger um a dois deputados. O reforço do JxCat é uma má notícia para Pedro Sanchéz. Segundo a sondagem, para formar governo, o atual primeiro ministro, que antecipou as eleições gerais (que só deveriam ocorrer no final do ano), teria de esperar por um resultado aquém das expectativas do bloco da direita e chegar a um acordo com praticamente todos os partidos regionais – ora tanto o JxCat impõe a marcação de um referendo na Catalunha como condição para apoiaram nova investidura de Sanchéz.
Mesmo que PP e Vox não chegassem aos 176 deputados, o atual chefe de governo teria de contar também com o apoio dos partidos bascos (PNV e Bildu devem ocupar 12 assentos no futuro congresso). A coligação Canaária deve eleger um representante e está em aberto a hipótese de partidos regionais, como España Vaciada: Teruel Existe e o recém criado Soria Ya poderem também eleger.