Milhares de palestinianos já fugiram do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, desde que Israel lançou na segunda-feira a maior operação militar na Palestina dos últimos anos. A situação continua a deteriorar-se numa altura em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) denuncia um bloqueio que impede os serviços de emergência de conseguirem prestar assistência aos feridos.

Os socorristas foram impedidos de entrar no campo de refugiados [de Jenin] e chegar a pessoas que estão feridas com gravidade”, revelou Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, citada pela agência de notícias Reuters. Também da Médicos Sem Fronteiras chegou uma denúncia semelhante. Num comunicado divulgado esta terça-feira, a organização revela que os ataques destruíram algumas das rotas que conduzem até ao campo de Jenin, impossibilitando as ambulâncias de chegar até aos feridos. “Os paramédicos palestinianos foram forçados a prosseguir a pé, numa área de tiroteios ativos e de ataques com drones”, refere o comunicado.

Israel realiza a maior operação militar na Cisjordânia dos últimos anos

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Pelo menos dez palestinianos morreram, incluindo três menores, e foram registados mais de 100 feridos na sequência do ataque lançado pelas forças israelitas. Os responsáveis pela ofensiva assumiram, ainda na segunda-feira, que o alvo é um centro de comando do grupo militar da Brigada de Jenin, no campo de refugiados da cidade.

Segundo o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub, cerca de 3.000 pessoas já deixaram o campo até agora. Em declarações à agência AFP, Kamal Abu al-Roub indicou que estão a ser tomadas medidas para os alojar em escolas e abrigos na cidade de Jenin.

É esperado que ao longo dos próximos dias o número de deslocados aumente. A UNRWA, agência das Nações Unidas que apoia refugiados na Palestina, já alertou que muitos dos residentes necessitam de alimentos e água potável. “Estamos alarmados com a escala das operações aéreas e terrestre que estão a decorrer em Jenin, na Cisjordânia ocupada, e com os ataques aéreos que estão a atingir um campo de refugiados muito povoado”, afirmou a porta-voz da ONU Vanessa Huguenin.

A operação, que as forças israelitas disseram ter como objetivos destruir as infraestruturas e armas de grupos militantes no campo, estará prestes a chegar ao fim depois de mais de 24 horas. Tzachi Hanebi, conselheiro nacional de segurança israelita, indicou que estão “próximos de atingir os objetivos traçados”, mas não mencionou um momento específico para o fim dos ataques.