“Você conhecem a posição absolutamente clara e consistente da Federação Russa: a adesão da Ucrânia à NATO terá consequências muito, muito negativas para a arquitetura de segurança na Europa, que já está meio destruída.” As palavras do porta-voz do Kremlin foram proferidas numa conferência de imprensa, nesta segunda-feira. A resposta russa será clara e firme, prometeu Dmitri Peskov.
“Será um perigo absoluto, uma ameaça ao nosso país, que exigirá de nós uma reação suficientemente clara e firme”, acrescentou. As declarações surgem na véspera da cimeira da NATO em Vilnius, capital da Lituânia e quando tudo indica que a adesão de Kiev à Aliança Atlântica seguirá o caminho mais rápido.
Horas antes de Peskov falar, a Ucrânia anunciou que os aliados optaram por deixar cair a exigência do Plano de Ação para a Adesão (MAP, na sigla em inglês), processo que atrasaria todo o processo. “Saúdo esta decisão há muito esperada e que encurta o nosso caminho para a NATO”, escreveu Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, no Twitter.
A decisão foi tomada depois de “negociações intensivas”, escreveu o chefe da diplomacia ucraniana.
Following intensive talks, NATO allies have reached consensus on removing MAP from Ukraine's path to membership. I welcome this long-awaited decision that shortens our path to NATO. It is also the best moment to offer clarity on the invitation to Ukraine to become member.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) July 10, 2023
Presidente da Lituânia confirma: Plano de Ação para a Adesão não será necessário
Com o passar das horas, foi o Presidente da Lituânia — país que recebe a cimeira de terça e quarta-feira — a confirmar as declarações de Dmytro Kuleba: os Estados membros da NATO concordaram em facilitar o processo de adesão de Kiev, não sendo necessário cumprir o Plano de Ação para a Adesão.
Em conferência de imprensa, Gitanas Nauseda confirmou essa decisão, segundo o Ukrainska Pravda. “Posso dizer que o Plano de Ação para a Adesão será retirado. Este é um passo muito positivo e facilitará o caminho da Ucrânia”, acrescentou.
“Nesse sentido, devemos ir além da linguagem da cimeira de Bucareste, que fala apenas de ‘portas abertas’. A Ucrânia precisa de sinais muito específicos de que, quando as condições o permitirem, não apenas no papel, mas na realidade, se tornará um membro da NATO”, concluiu o Presidente lituano.
Stoltenberg confiante numa “mensagem forte” sobre a adesão da Ucrânia
O secretário-geral da NATO também falou, em Vilnius, sobre a entrada de Kiev na Aliança Atlântica. Jens Stoltenberg tem a “certeza absoluta” de que, no final do encontro de dois dias, os Estados membros alcançarão a “unidade e uma mensagem forte” em relação a esta questão.
Na conferência de imprensa conjunta, Gitanas Nauseda lembrou que a adesão à NATO é extremamente importante para a Ucrânia e que a perspetiva de adesão não pode ser apenas algo no horizonte, “quanto mais se caminha naquela direção, mais longe está”.