A vereadora dos Direitos Humanos e Sociais na Câmara de Lisboa assegurou esta terça-feira que as pessoas em situação de sem-abrigo estão a ser “acolhidas de forma digna e humana”, recusando falar em ações de “limpeza” na Avenida Almirante Reis.
Na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, a vereadora Sofia Athayde (CDS-PP) revelou que a Fundiestamo já respondeu ao seu pedido relativo à instalação de um centro de acolhimento de emergência para pessoas em situação de sem-abrigo no centro da cidade, na sequência do encerramento do Quartel de Santa Bárbara até 30 de setembro, e informou que “não tem nenhum espaço disponível”.
A deputada do PAN, Isabel Carmo, questionou a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais sobre o pedido para que as pessoas em situação de sem-abrigo recolhessem as tendas na zona da Avenida Almirante Reis até 12 de julho.
Isabel Carmo referiu ainda o comunicado da Comunidade Vida e Paz (CVP), que aponta para “uma ação regular”, considerando que não há memória desse tipo de intervenção na cidade e acrescentando que as pessoas foram encaminhadas para o centro acolhimento de emergência municipal no Quartel de Santa Bárbara, que não tem vagas disponíveis.
Em resposta, a vereadora Sofia Athayde afirmou que as pessoas em situação de sem-abrigo estão a ser “acolhidas de forma digna e humana”, para que seja promovida a sua autonomização, realçando o investimento de cerca de seis milhões de euros concretizado pela câmara em 2022.
A deputada independente do Cidadãos Por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre) Daniela Serralha também quis saber o porquê das ações de “limpeza” na freguesia de Arroios e se a câmara já tem uma solução alternativa ao Quartel de Santa Bárbara que não retire as pessoas em situação de sem-abrigo do centro da cidade.
“Ninguém quer que as pessoas fiquem nas tendas”, frisou a vereadora, reiterando que estão a ser acolhidas, de acordo com a especificidade de cada caso.
Do grupo municipal do BE, a deputada Joana Teixeira questionou sobre as ações junto das pessoas sem-abrigo em Arroios e defendeu que as exceções para os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) devem estar disponíveis para quem diariamente precisa.
A vereadora considerou que a comparação entre a resposta às pessoas em situação de sem-abrigo e os peregrinos da JMJ resultou numa “intervenção infeliz”, reforçando que “este executivo fez o maior investimento de sempre” no apoio a esta população mais vulnerável.
A bloquista respondeu que “muito do que está a ser implementado” vem da estratégia do anterior executivo, com o vereador do BE Manuel Grilo, criticando o recente aumento do número de pessoas sem-abrigo e reclamando a necessidade de um centro de acolhimento na zona central de Lisboa, para substituir o Quartel de Santa Bárbara.
Da bancada do PS, Sofia Escária apontou as contradições da liderança PSD/CDS-PP sobre o apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, lembrando a atribuição de bilhetes para o festival Rock in Rio e a organização de uma marcha pela erradicação da pobreza.
A socialista apontou o aumento de pessoas sem-abrigo sem teto e defendeu a necessidade de apoios no centro da cidade em vez de ser em “quatro bairros em zonas carenciadas”, nomeadamente Condado, Armador, Ourives e Alfredo Bensaúde.
Sofia Escária acusou ainda a liderança PSD/CDS-PP de “política ativa de estigmatização”, por considerar que “já havia tempo para encontrar uma resposta” como alternativa ao Quartel de Santa Bárbara, e lamentou a política em relação a ação de “limpeza” de tendas das pessoas em situação de sem-abrigo.