Huw Edwards, 61 anos, é um dos pivôs mais reputados da BBC, rosto de algumas das notícias mais marcantes da História recente. Foi ele, por exemplo, quem — envergando uma gravata preta que antecipava o luto e um rosto carregado — deu a notícia da morte de Isabel II na antena da estação pública, em setembro do ano passado. Agora, está no centro de um escândalo sexual que já levou a BBC a suspendê-lo de funções.
[O momento em que Huw Edwards anuncia a morte da Rainha Isabel II]
Tudo começou na sexta-feira, quando o tablóide The Sun publicou uma história com alegações da mãe de um jovem — cujo género não foi identificado, usando-se o pronome they — que davam conta de que um apresentador da BBC teria pago ao seu filho/sua filha 35 mil libras (mais de 40 mil euros) por fotografias explícitas durante três anos. A mãe, que teme pela vida do/a jovem, diz que o dinheiro terá sido usado para o consumo de crack. O advogado da pessoa em questão — que quando começou a enviar as fotografias teria 17 anos e tem agora 20 — descreveu essas alegações como uma “disparate”.
No fim de semana, o The Sun publicou mais alegações que levaram a BBC a suspender um funcionário do canal, cujo nome não foi divulgado na altura. As suspeitas que entretanto se adensavam levaram algumas figuras do canal a escrever no Twitter que não eram o funcionário suspenso. Foi o caso de Gary Lineker, jornalista de desporto da BBC.
Hate to disappoint the haters but it’s not me.
— Gary Lineker (@GaryLineker) July 8, 2023
As dúvidas foram desfeitas esta quarta-feira, através da própria mulher do jornalista: trata-se de Huw Edwards, um dos pivôs mais conceituados (e mais bem pagos) do canal televisivo. Num comunicado, Vicky Flind diz que é ela quem faz o anúncio para proteger a saúde mental do marido, que se degradou consideravelmente nos últimos dias por causa do escândalo, e para proteger a família.
“Huw está a passar por problemas de saúde mental sérios. Como está documentado, ele tem sido tratado por depressão severa nos últimos anos”, afirma Flind. Os acontecimentos dos últimos dias levaram a que Edwards sofresse “outro episódio sério” e esteja agora “a receber cuidados num hospital, onde permanecerá nos próximos tempos”. Flind garante que, quando melhorar, o marido pretende responder às alegações que foram publicadas.
Só na quinta-feira é que o jornalista terá tido conhecimento das alegações que lhe são imputadas. “Sei que Huw lamenta profundamente que tantos colegas tenham sido afetados pela recente especulação mediática”, acrescenta Vicky Flind, no comunicado.
Além das notícias do fim de semana, na terça-feira, a BBC noticiou que uma segunda pessoa, com 20 e poucos anos, tinha acusado o apresentador, que conheceu numa aplicação de encontros, de o/a pressionar para um encontro e enviado mensagens abusivas quando o/a jovem em questão ameaçou revelar a identidade do pivô.
Já na noite passada, o The Sun publicou novas alegações de um indivíduo de 23 anos que acusa o apresentador de violar as regras de confinamento para se encontrarem durante a pandemia, em fevereiro de 2021, e de lhe ter enviado dinheiro.
O The Sun diz que desde que revelou a primeira história, mais três jovens fizeram denúncias sobre a conduta de Edwards. O pivô é dos funcionários mais bem pagos da BBC. Vive em Londres, com a mulher e cinco filhos.
Além do anúncio da morte de Isabel II, foi também Huw Edwards quem estava à frente da emissão da BBC durante o funeral da monarca, nos casamentos de William e Kate, e de Harry e Meghan, na morte de Nelson Mandela ou na tomada de posse de Barack Obama.
Morte de Isabel II. O momento histórico em que a BBC anunciou o fim de uma era