Depois de 187 reuniões, que envolveram 33 entidades de segurança, e que duraram 400 dias — entre junho de 2022 e o mês de julho deste ano — é apresentado esta sexta-feira o plano de segurança (que pode consultar aqui) para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Haverá um sistema de controlo para “ter em tempo real a informação fidedigna do número de pessoas que estão dentro dos recintos e de zonas onde há eventos maiores”, para evitar excesso de lotação nos recintos, indicou o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Paulo Vizeu Pinheiro. Na JMJ estarão 16 mil elementos das forças de segurança, proteção civil e emergência médica.

Ainda na área da segurança, em relação ao espaço aérea, vão existir quatro zonas de exclusão aérea entre Lisboa e Fátima, constrangimentos em 23 aeródromos e sistemas de deteção de drones não autorizados. Os voos comerciais no aeroporto de Lisboa e Cascais serão permitidos.

“Vamos ter no nosso território entre um milhão a um milhão e meio de peregrinos. Isto diz bem da dimensão do eventos. Se olharmos para trás e fizermos o balanço do que foi a Expo 98, ou em 2004, com o Euro 2004, onde tivemos o mesmo número de pessoas espalhadas pelo território, percebemos bem a dimensão do evento que vamos receber“, disse Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, na abertura desta apresentação. “Muitos dos peregrinos chegarão a Portugal uma semana antes e vão embora uma semana depois. O plano é um plano nacional, como não poderia deixar de ser”, acrescentou.

JMJ. Transportes reforçados para 1,2 milhões de jovens, sensibilização para evitar greves e apelo a deslocações a pé

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Há, no entanto, um fator associado à organização deste grande evento, que foi apontado por José Sá Fernandes, coordenador do Grupo de Projeto para a JMJ: a imprevisibilidade. “Ainda hoje não sabemos quantos peregrinos vêm. A imprevisibilidade ainda hoje é um fator de risco na análise”, acrescentou.

Sá Fernandes anunciou ainda foi criado um passe especifico para os participantes da JMJ, apenas para aqueles que estão já inscritos, utilizarem os transportes públicos. O passe terá várias modalidades, que começa nos três dias e termina nos 15 e será utilizado também por elementos das forças de segurança deslocados. Esta medida serve para “evitar um excedente de filas” e é um “incentivo para andar nos transportes públicos”. O Governo deu apoio de 40% para a criação destes passes e, no final da apresentação dos planos, Sá Fernandes fez questão de avisar: “A responsabilidade de tudo o que correr mal na JMJ em relação a esta matéria é minha. Se falhar, a responsabilidade é minha”.

Estacionamentos, reforço dos transportes públicos e passes especiais

Em relação ao plano de mobilidade e transportes da JMJ (que pode consultar aqui), este foi elaborado pela consultora VTM, especializada em engenharia e planeamento, que o Governo contratou em dezembro do ano passado por 89 mil euros. E foi apresentado por Isabel Pimenta, responsável da empresa VTM, que começou por dizer que é expectável que o número de participantes aumente ao longo da semana.

“É necessário o aluguer de autocarros. Sabemos já hoje que, pelo menos, 2500 autocarros estarão disponíveis ao dia de hoje. Temos o objetivo de 4 mil e a capacidade para 7 mil”, explicou Isabel Pimenta.

O plano de mobilidade prevê o encerramento de algumas estações do Metro de Lisboa durante a JMJ. Nos dias 1, 3 e 4, as estações da Avenida, Marquês de Pombal, Parque e Restauradores estarão encerradas durante alguns períodos do dia, que coincidem com os eventos nestas zonas. Já nos dias 5 e 6, os comboios da CP não vão parar em Moscavide, Sacavém, Bobadela e Santa Iria, durante o dia inteiro.

Em relação ao estacionamento, estão previstos locais específicos para os carros: no Jamor existe capacidade para três mil lugares, em Loures há dois mil lugares disponíveis e no Parque das Nações há 400 lugares. “Embora a maioria dos peregrinos se desloque de transporte público e a pé, uma percentagem estimada em cerca de 20% do total dos peregrinos, deslocar-se-á de viatura individual, a que poderão corresponder cerca de 60 mil” carros. Além dos três locais já indicados, o grupo de coordenação refere ainda que existe uma oferta na via pública de 200 mil lugares e 85 parques com 32 mil lugares.

E, para os autocarros, também estão identificados dois locais “com elevada capacidade de estacionamento”: 840 lugares na Alta de Lisboa e mil no Campo da Graça.

Está ainda previsto que o reforço dos autocarros em mais 119 mil lugares, diariamente, para os dias 1, 2, 3 e 4 de agosto e 429 mil para os dois últimos dias, 5 e 6 de agosto.

Além do aumento do número de lugares nos transportes rodoviários, também está previsto um reforço de mais 90 mil lugares nos comboios para os primeiros quatro dias da JMJ e mais 170 mil lugares para os dois últimos dias. Para o metro e metro de superfície haverá mais 143 mil lugares de 1 a 4 de agosto e mais 154 mil lugares durante 5 e 6 de agosto. Já em relação aos barcos, estão previstos mais dois mil lugares nos primeiros quatro dias e mais 27 mil nos restantes. “Ainda vamos tentar reforçar mais num ou outro transporte”, acrescentou Sá Fernandes. No total, em cada um dos dias do fim de semana, haverá mais 780 mil lugares. 

Reforço diário da oferta dos transportes públicos

Trânsito condicionado e cortado entre o Parque Eduardo VII e o Terreiro do Paço

As mudanças que vão verificar-se, sobretudo na cidade de Lisboa, têm sido identificadas ao longo dos últimos meses, ainda que sem grande detalhe. Mas esta terça-feira, durante uma das reuniões preparatórias do Sistema de Segurança Interna (SSI) foi apresentado o plano da Direção Municipal de Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa. Em conjunto com o município liderado por Carlos Moedas e com a PSP, o SSI apresentou uma cidade dividida em três zonas: verde, amarela e vermelha.

Onde é que não vai poder circular? Onde é que o trânsito vai estar condicionado? O que é a zona amarela? O plano de mobilidade para a JMJ

Na zona vermelha será imposta uma “restrição absoluta à circulação rodoviária” e vai depender da localização dos eventos. Ou seja, nos dias 1,3 e 4 de agosto, o trânsito estará cortado entre o Parque Eduardo VII e o Terreiro do Paço e, mais tarde, a 5 e 6 de agosto, será no Parque Tejo que a circulação estará interrompida.

Já na zona amarela haverá uma “restrição fortemente condicionada à circulação rodoviária” nos dias 1,3 e 4, o que significa que continua a ser permitido circular, mas a autorização só é dada a residentes, trabalhadores que mostrem a declaração da entidade patronal, viaturas que tenham de fazer cargas e descargas naqueles locais, quem tenha dísticos para estacionar em parques de estacionamento, carros TVDE e transportes públicos, que incluem táxis. Bicicletas não podem circular nesta zona, que inclui, entre outras ruas, Cais do Sodré, Largo do Rato, Praça de Espanha, Avenida da República, Largo Dona Estefânia, Martim Moniz, Largo da Graça, Santa Apolónia, Avenida de Berlim e estrada da Circunvalação.

Por fim, surge a zona verde, onde será “possível a circulação sem qualquer tipo de controlo”, podendo, no entanto, “haver cortes pontuais devido à presença de determinados eventos associados à JMJ 2023 e à circulação de tráfego pedonal”.