Cerca de duas dezenas de trabalhadores não docentes manifestaram-se esta sexta-feira diante da Câmara Municipal de Lisboa (CML) em protesto contra o modelo de organização para o acolhimento nas escolas de participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O protesto, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA), ocorreu na sequência de dois pré-avisos de greve que foram submetidos: o primeiro visa o trabalho suplementar entre os dias 22 de julho e 8 de agosto, enquanto o segundo diz respeito às 24 horas dos dias entre 31 de julho e 4 de agosto.
“Temos situações de trabalhadores que vão fazer oito ou nove dias de trabalho com mais de 12 horas e trabalho noturno. A CML devia refletir, porque só temos duas autarquias a quererem impor a questão das madrugadas: Oeiras e Lisboa. Todas as outras autarquias já perceberam que não tem sentido nenhum os trabalhadores não docentes ficarem durante a madrugada”, afirmou aos jornalistas o dirigente sindical Luís Esteves.
Segundo o responsável do STFPSSRA, a imposição de cinco horas de trabalho suplementar num horário de 12 horas por ocasião da JMJ “é ilegal”, uma vez que o máximo permitido por lei são apenas duas horas. Luís Esteves lamentou ainda a ausência de uma resposta concreta sobre os alertas já efetuados e indicou soluções para o problema destes trabalhadores.
“O que pode haver é um modelo que obrigue as autarquias e as direções das escolas a pegar nos responsáveis por cada escola da JMJ e responsabilizá-las pela organização. Se há autarquias que não alteram os horários aos trabalhadores, dão a opção se querem, de facto, vir ou não vir, se há autarquias que não têm modelos de horários noturnos e conseguem organizar-se, as outras autarquias, neste caso Lisboa e Oeiras, também poderiam fazer”, explicou.
Com o aviso de que a partir de domingo começam já a chegar a Portugal peregrinos de outros países para a JMJ, Luís Esteves criticou o “vazio e a desorganização” na definição de um modelo de coordenação do acolhimento e vincou que está ser pedido “tudo em cima da hora” a estes profissionais não docentes, muitos dos quais estão a ser confrontados com mudanças de horários sem consulta após regressarem de gozo de férias.
“São coisas que vão desgastar e é por isso que temos este pré-aviso. Não temos nada contra a Jornada, achamos que é um evento importante, mas não podemos concordar com este modelo”, vincou, assegurando ter enviado “ofícios” para todas as autarquias da área de Lisboa.
Sem deixar de denunciar o “trabalho forçado” destes trabalhadores, Luís Esteves realçou ainda os receios sobre a salubridade e a segurança destes espaços para acolher os peregrinos.
“Gostávamos de saber como e quem é que faz o controlo e se todas as 500 ou 600 pessoas que entram pela escola dentro são, de facto, participantes da JMJ ou se teremos alguns intrusos. São questões que importam não só aos trabalhadores, mas deviam importar também às pessoas que vão estar a ocupar as escolas”, finalizou.