Mais de 2,47 milhões de pessoas votaram por correio nas eleições legislativas de domingo em Espanha, um recorde na história eleitoral do país, segundo dados oficiais divulgados este sábado.

Espanha vota este ano pela primeira vez em eleições gerais numa época de férias de verão e com altas temperaturas, o que levou a um recorde de pedidos de eleitores para votarem por correio.

A lei espanhola permite a todos os recenseados em território espanhol votar por correio, o que pediram para fazer mais de 2,6 milhões de eleitores, tendo 94,2% deles (mais de 2,4 milhões) entregado o voto numa estação da rede Correios, divulgou hoje a empresa.

Nestas eleições estão chamados a votar 37.469.142 de eleitores, para escolherem 350 deputados e 208 senadores.

Até agora, o recorde de voto por correio estava nos 1,4 milhões das eleições espanholas de 2016. O volume de pedidos para votar por correio este ano levou a empresa pública Correios a fazer um reforço extraordinário inédito de pessoal em 21.000 pessoas.

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No fim de semana passado, perto de 7.000 carteiros estiveram a distribuir documentação de voto e milhares de estações de correio estiveram abertas por todo o país.

Além disso, durante a semana, os horários dos correios foram alargados até às 22:00 e estiveram abertos mesmo em locais onde houve feriados municipais e regionais.

O voto por correio exige que o eleitor faça uma solicitação prévia, na internet ou numa estação de Correios, e a documentação para votar tem de lhe ser entregue em mão.

A entrega do voto tem depois de ser feita obrigatoriamente numa estação de correios pelo próprio eleitor, cuja identidade é confirmada por um funcionário da empresa.

O prazo para votar por correspondência terminou na sexta-feira às 14:00 e agora, no domingo, dia das eleições, os correios terão de entregar os votos que receberam nas respetivas mesas eleitorais, que são 60.314 em todo o país.

Para isso, estarão a trabalhar 14.000 pessoas dos Correios, disse hoje a empresa.

O voto por correio esteve no centro de debates e polémicas desde que as eleições foram convocadas para 23 de julho, de forma inesperada, há menos de dois meses.

O líder do Partido Popular (PP, direita), a maior força da oposição espanhola e que surge à frente nas sondagens, pediu aos carteiros, num comício de campanha, para “independentemente dos chefes”, distribuírem a documentação para votar, mesmo que tivessem de trabalhar “de manhã, à tarde e à noite”, e prometeu que ele mesmo lhes pagará as horas extraordinárias quando liderar o Governo, no primeiro Conselho de Ministros que presidir.

Estas declarações de Alberto Núñez Feijóo, que no passado foi presidente da administração dos Correios, foram criticadas por outros partidos, pelos sindicatos e pela direção da empresa, que insistiram na fiabilidade do processo, como é reconhecido internacionalmente, e acusaram o líder do PP de ter adotado uma “estratégia ‘trumpista'[numa referência ao ex-Presidente norte-americano Donald Trump]”, para poder eventualmente questionar os resultados das eleições.

Feijóo acabou por esclarecer no dia seguinte que não quis insinuar que havia uma tentativa de fraude ou de manipulação de votos, mas que simplesmente se referiu a um “congestionamento” na distribuição dos Correios com base em queixas de sindicatos.

Apesar do esclarecimento e atendendo ao volume de pedidos, o voto por correio manteve-se presente e sob permanente escrutínio nos debates, nas reportagens e no noticiário da campanha.