Os conservadores do Partido Popular (PP) venceram as eleições legislativas deste domingo em Espanha, mas sem conseguir uma maioria parlamentar. De calculadora em riste, analistas e imprensa começaram a estudar as soluções governativas que implicarão um acordo entre as várias forças políticas. Por enquanto, o cenário é de incerteza.

O PP, liderado por Alberto Núñez Feijóo, elegeu 136 deputados, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sánchez, conseguiu 122 mandatos parlamentares. O Sumar elegeu 31 deputados, o que não chega para os 176 deputados necessários para formar um bloco à esquerda (com o PSOE).

Numa hipotética solução política para Sánchez manter a chefia do executivo espanhol, os dois partidos independentistas no governo regional, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Junts (JxCat), podem ser a resposta. Mas ambos fazem exigências.

A exigência do Junts (Juntos Por Catalunha) é clara, reporta o El Mundo: aministia para todos os implicados na organização do referendo ilegal — incluindo Puigdemont — e a atribuição de competências à Catalunha para que possa fazer referendos autonomamente. “Se há amnistia, mas não há referendo, voltamos ao mesmo”, argumentou Jordi Turull esta segunda-feira. Mas na manhã a seguir às eleições, nesta segunda-feira, o Ministério Público espanhol fez um pedido de mandado de detenção internacional de Puigdemont e deteve outra independentista catalã e eurodeputada Clara Ponsatí.

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O secretário-geral do Junts diz que “o independentismo não pode desperdiçar uma situação como esta”, mas que o partido será “leal aos compromissos com a cidadania”. “Mais do que nós quem tem de se mexer são aqueles que querem a presidência do governo”, lançou. No rescaldo dos resultados eleitorais, este domingo, Turull já tinha dito que o partido não tinha intenções de mexer “nem um milímetro” nas suas exigências.

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Os republicanos também já disseram qual é o preço para que apoiem a investidura de Sanchéz. A número 2 do ERC ao Congresso por Barcelona, Teresa Jordà, sublinhou que as condições passam pela revisão do financiamento da Catalunha, bem como da transferência das competências sobre a empresa de ferrovia, Rodalies. No domingo, o porta-voz do partido no Parlamento, Gabriel Rufián, disse que “será um fracasso” se os partidos não “chegarem a um acordo e se as pessoas tiverem de votar eternamente”.

Também o Partido Nacionalista Vasco (PNV) está disposto a negociar com o PSOE, reclamando “decisões mais estratégicas” sobre o País Basco e Catalunha para facilitar a investidura. Os nacionalistas descartam a repetição eleitoral e a hipótese de facilitar a investidura de Núñez Feijóo, que responsabilizam de “branquear” o Vox, noticia o El Mundo, que também refere que a “previsibilidade” do partido nacionalista basco pode resultar em exigências semelhantes àquelas com que Sánchez já se comprometera em 2019. “Um documento que no seu quarto ponto incluia ‘adequar a estrutura do Estado ao reconhecimento das identidades territoriais’ da Catalunha e do País Basco”, refere o mesmo jornal.