“Bawaal” é o novo filme de Bollywood que desde a sua estreia, a 21 de julho, tem sido notícia, mas não por boas razões. O realizador do filme, Nitesh Tiwari, está a ser acusado de banalizar o Holocausto e os milhões de judeus que morreram, conta o The Guardian. O filme inclui uma cena dentro de uma câmara de gás e usa o líder nazi, Adolf Hitler, e o campo de concentração de Auschwitz, como metáforas.
O enredo conta como Ajay e Nisha, que se tornaram marido e mulher num casamento arranjado, se apaixonam quando estão a viajar pela Europa para visitar locais históricos da Segunda Guerra Mundial. E são principalmente dois diálogos em Auschwitz que chocaram muitos internautas que manifestaram a sua opinião nas redes sociais bem como uma organização não governamental e o embaixador israelita na Índia.
O primeiro acontece quando uma das personagens principais, Nisha, recorre ao campo de extermínio da II Guerra Mundial para retratar os problemas que existem nas relações: “Todos os relacionamentos têm o seu Auschwitz”, afirma, referindo-se ao campo de concentração onde morreram quase um milhão de judeus como o lado negativo de uma relação. Já o segundo momento é interpretado por Ajay, quando, de visita a um câmara de gás, diz: “Somos todos um pouco como Hitler, não somos?”, aludindo à ideia de as pessoas nunca estarem satisfeitas.
What was #Bollywood thinking when they decided to make #Bawaal a "love story" set in the backdrop of the #Holocaust which is not just historically inaccurate & insensitive, but also has trivial dialogues like this? @AuschwitzMuseum, I hope you look into this & call it out. pic.twitter.com/BTljkmtwk9
— Vedica Podar (@Vedica_Podar) July 22, 2023
O Centro Simon Wiesenthal, organização não governamental que trabalha para proteger os direitos da comunidade judaica, diz que o filme normaliza “o sofrimento e o assassinato de milhões de pessoas, e que o Holocausto “é um exemplo por excelência da capacidade que o homem tem para fazer sofrer”.
I did not and will not watch the film Bawaal but from what I’ve read, there was a poor choice of terminology and symbolism.
Trivialization of the Holocaust should disturb all.
I urge those who don’t know enough about the horrors of the #Holocaust to educate themselves about it.— Naor Gilon (@NaorGilon) July 28, 2023
A ONG fez mesmo um pedido à plataforma de streaming Amazon Prime Video para que retirasse o filme e deixasse de usar o Holocausto como um meio de fazer dinheiro.
Já o embaixador de Israel na Índia, que não viu nem vai ver o filme, disse que pelo que leu tinha havido uma “escolha pobre da terminologia e simbolismo” por parte do realizador. “A banalização do Holocausto devia perturbar todos. Apelo aos que não sabem o suficente sobre os horrores do Holocausto para se informarem”, escreveu Naor Gilon no X (antigo Twitter).
O diretor do filme, Nitesh Tiwari, diz que o filme está a ser interpretado de forma errada e que nunca teve a intenção de normalizar ou sequer banalizar a Segunda Guerra Mundial, e consequentemente, o que essa trouxe ao mundo.
“Bawaal” é a história de Ajay, interpretado por Varun Dhawan, um professor de história que decide conhecer a Europa depois de ter agredido um aluno e, consequentemente, ter colocado o seu emprego em risco. Para que a sua turma não perdesse nada da matéria, Ajay vai-lhes dando aulas de uma forma mais digital através de vídeos curtos no Instagram.
Nisha, a mulher do professor, é interpretada pela atriz Janhvi Kapoor e está tentar salvar o seu recém casamento. A jovem tem epilepsia e Ajay não esconde que não quer que a nova mulher saia de casa por ter medo que tenha uma convulsão e o envergonhe de alguma forma.