Tal como tinha avançado em primeira mão, o antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) Donald Trump foi acusado por um grande júri, esta terça-feira, pela alegada tentativa reverter o resultado das eleições de 2020, processo que terminou com a invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro. A informação foi confirmada pela Justiça norte-americana pouco depois do anúncio do magnata, que reagiu prontamente na rede social Truth Social, dizendo tratar-se de uma “interferência eleitoral”.

De acordo com o despacho de acusação, Donald Trump foi acusado pelas prática de quatro crimes: conspiração para ludibriar os Estados Unidos, conspiração para obstruir um procedimento oficial, obstrução e tentativa de obstruir um procedimento oficial e conspiração contra direitos. Tanya S. Chutkan, juíza federal do Tribunal Distrital de Columbia, foi a escolhida para chefiar o processo.

Há igualmente mais seis conspiradores — quatro advogados, um dirigente do departamento de justiça e um consultor político. No entanto, as suas identidades não são conhecidas. Adicionalmente, ficou determinado Donald Trump deverá apresentar-se num tribunal em Washington já esta quinta-feira.

Trump compara caso à Alemanha nazi

Em reação a este caso, a equipa do antigo Chefe de Estado norte-americano sublinhou que este é mais um “capítulo corrupto da tentativa contínua da família criminosa de Biden e o do Departamento de Justiça para interferir com as eleições presidenciais de 2024, nas quais Trump é o principal candidato nas sondagens e lidera com margens substanciais”.

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Acusando Joe Biden de “interferência eleitoral”, o comunicado publicado esta terça-feira na Truth Social compara os casos judiciais de que Donald Trump foi alvo com o que aconteceu “na Alemanha nazi nos anos 30, na União Soviética e em outros regimes ditatoriais e autoritários”. “O Presidente Trump sempre respeitou a Constituição seguindo os conselhos dos advogados que o acompanharam.”

“A caça às bruxas não vai ter sucesso e o Presidente será reeleito para a Casa Branca para que ele possa salvar o nosso país dos abusos, incompetência e corrupção que correm nas veias do nosso país em níveis que nunca vimos antes”, lê-se no comunicado.

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Para responder a estas acusações, a equipa que coordena a campanha presidencial para as eleições de 2024 já contactou aliados e influencers para defenderem Donald Trump, assim como já preparou alguns comunicados e vídeos que tentam mostrar que o ex-Presidente norte-americano é inocente na maneira como agiu nos meses que se seguiram às eleições de 2020, incluindo no dia do ataque ao Capitólio.

“Temos muito conteúdo pronto para divulgar para tentar abafar todas as coisas de 6 de janeiro”, comentou fonte da campanha de Donald Trump à CNN.

Tal como se veio a verificar, estaria previsto que, à semelhança do que aconteceu nos últimos meses, Donald Trump anunciasse em primeira mão, através de um comunicado publicado na rede social que detém — Truth Social —, que foi acusado por Jack Smith, cuja credibilidade a equipa do magnata tenta colocar em causa. O foco é que o procurador seja visto como alguém que age consoante a sua ideologia política, numa tentativa de mostrar que defende os democratas.

Durante os comícios que organizará nos próximos dias, o tema das acusações contra Donald Trump será um dos temas abordados, assim como a credibilidade de Jack Smith.

Procurador atacado por Trump lembra “mentiras” que levaram ao ataque ao Capitólio

Em conferência de imprensa após serem conhecidas as acusações, Jack Smith, procurador especial responsável pelos casos, indicou que quer um “processo judicial célere” para que seja “avaliado por um grupo de júris” o mais rapidamente possível. Ainda assim, o responsável judicial lembrou que Donald Trump deve ser considerado, para já, “inocente” até ser ser “provado o contrário”.

Trump assegura que será candidato presidencial nos EUA mesmo se for condenado

Jack Smith lembrou o que aconteceu no dia 6 de janeiro — e “todas as mentiras” que levaram ao ataque ao Capitólio. Referindo-se ao Presidente norte-americano, o procurador salientou que Donald Trump alimentou para o que o definiu como um “ataque sem precedente à democracia norte-americana”, que tinha como objetivo “obstruir o governo” dos Estados Unidos, assim como criar obstáculos à contagem e verificação dos votos.

Este é o terceiro processo judicial em que Donald Trump se vê formalmente acusado: o primeiro consiste em fraude pelos pagamentos à atriz pornográfica Stormy Daniels, o segundo relaciona-se com os documentos confidenciais apreendidos na sua mansão de Mar-a-Lago.

Mesmo assim, Donald Trump insistiu que se vai recandidatar às eleições de 2024, mesmo com todas as condicionais jurídicos que pode enfrentar.