O governo das Bahamas prometeu, na terça-feira, juntar-se à iniciativa do Quénia de liderar uma força policial multinacional para combater gangues no Haiti que controlam parte da capital do país caribenho. Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros das Bahamas disse que “recebeu com satisfação” a decisão do governo do Quénia e indicou que vai disponibilizar 150 operacionais para a força multinacional. “As Bahamas esperam trabalhar com o Quénia e outros parceiros no Haiti para ajudar nos esforços para alcançar a paz e a estabilidade“, referiu o comunicado.
A iniciativa pretende “apoiar os povos de ascendência africana em todo o mundo, incluindo nas Caraíbas, e alinha-se com a política de diáspora da União Africana e o nosso próprio compromisso com o pan-africanismo“, disse o ministério. As Bahamas apelaram ao Conselho de Segurança da ONU para a resolução, a ser apresentada pelos Estados Unidos, que autorizaria o Quénia a liderar a força multinacional a enviar para o Haiti.
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“Damos as boas-vindas à decisão do Quénia de liderar a força multinacional [e] estaremos a trabalhar numa resolução para apoiar esse esforço“, disse na terça-feira a embaixadora dos EUA junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, numa conferência de imprensa, no início da presidência norte-americana do conselho.
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, enviou um apelo urgente em outubro para “o envio imediato de uma força armada especializada, em quantidade suficiente” para deter os grupos de crime organizado. Desde então, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou sem sucesso para que uma nação líder ajudasse a restaurar a ordem no país mais empobrecido da América Latina.
Mais de nove meses depois, o Quénia foi o primeiro país a “considerar positivamente” liderar uma força, oferecendo-se para enviar mil agentes policiais para ajudar a treinar e auxiliar a Polícia Nacional do Haiti a “restaurar a normalidade no país e a proteger instalações estratégicas”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Quénia anunciou no sábado que tem planos para enviar uma força ao Haiti nas próximas semanas para avaliar os requisitos operacionais da missão policial.
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Thomas-Greenfield disse que os Estados Unidos vão trabalhar com outros membros do conselho numa resolução “que dará aos quenianos o que precisam para estabelecer a sua presença no Haiti”. Uma resolução de outubro de 2022 exigiu o fim imediato da violência e da atividade criminosa no Haiti e impôs sanções a indivíduos e grupos que ameaçam a paz e a estabilidade, começando com um poderoso líder do crime organizado, Jimmy “Barbecue” Cherizier.
Uma resolução adotada em 14 de julho pediu a António Guterres que apresentasse “um pacote completo de opções” dentro de 30 dias para ajudar a combater os grupos armados do Haiti, incluindo uma força multinacional não pertencente à ONU.