Pela primeira vez vai estar disponível um comprimido especificamente para a depressão pós-parto. O medicamento foi aprovado esta sexta-feira pela Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora do medicamento nos Estados Unidos da América.

“É um feito que deverá aumentar o reconhecimento e tratamento de uma condição debilitante que afeta cerca de meio milhão de mulheres nos Estados Unidos todos os anos”, escreve o The New York Times.

A toma é diária e durante apenas 15 dias. Estudos clínicos revelam que o medicamento funciona de forma significativamente mais célere do que a maior parte dos antidepressivos. “As mulheres estão a reportar melhorias nos efeitos da depressão logo ao dia 3”, afirma à BBC Kristina Deligiannidis, médica que orientou um estudo sobre o medicamento.

O comprimido, de nome “zuranolone”, será comercializado sob o nome Zurzuvae. Foi desenvolvido pela Sage Therapeutics, uma empresa de Massachusetts, em parceria com a Biogen, empresa de biotecnologia na área das neurociências. De acordo com o New York Times, o medicamento deve ficar disponível depois de uma análise de 90 dias, obrigatória para todos os medicamentos que afetam o sistema nervoso central. Ainda não é conhecido qual será o preço de venda.

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Acreditam os especialistas que o facto de ser um comprimido especificamente concebido para a depressão pós-parto pode ajudar a combater o estigma desta doença, encorajando mais mulheres a procurar ajuda e mais obstetras e médicos de família a detetar sintomas e a sugerir tratamento. “Quando dizem às mulheres’tens depressão pós parto, é embaraçoso, fá-las sentir como más mães”, descreve Ruta Nunacs, psiquiatra no departamento de saúde mental feminina num hospital em Massachusetts, ao New York Times. “Há muito estigma em torno da toma de medicação antidepressiva, por isso este tratamento pode tornar-se mais apelativo, por ser realmente um tratamento específico para a depressão pós-parto”, remata.

Até agora, recorda a CBS, havia apenas um medicamento específico para a depressão pós-parto, mas a administração era intravenosa.

A depressão pós-parto “é uma doença mental caracterizada por sinais prolongados de tristeza, perda de interesse em atividades diárias, ansiedade e irritabilidade”, lê-se no site do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Afeta entre 10 e 15% das mães e “pode surgir um pouco antes do parto e/ou durante todo o primeiro ano após o parto”. “É mais frequente o seu início até 4 meses após o parto.”