Era só uma questão de olhar para os nomes apresentados pelas principais nações em prova. Da Bélgica, da Itália, da Grã-Bretanha, dos EUA, da França, da Suíça, da Eslovénia. O contrarrelógio do Mundial de Elites era um autêntico lago de tubarões e era nesse mar que Portugal tentaria encontrar a sua onda para segurar um lugar entre os dez primeiros para garantir uma segunda vaga na disciplina nos Jogos de Paris-2024. “É sempre esse o nosso objetivo, termos dois contrarrelogistas nos Jogos. É também sempre objetivo ficarmos nos dez primeiros nos Mundiais e nos Europeus. É para isso que vamos para a estrada”, dizia José Poeira, selecionador nacional, antes de uma prova que centrava muitas atenções. Assim queria, assim foi.
“Se pudesse escolher o percurso, escolheria outro. Mas temos de fazer aquele que está marcado e é nesse que daremos o máximo. É um traçado muito plano, com longas retas onde os roladores mais possantes ganham vantagem. As ligeiras subidas e falsos planos não compensam. A nosso favor joga a longa distância, que nem todos os mais possantes aguentam ao mesmo nível. A subida final é exigente mas curta”, comentava Poeira, projetando a prova mais para Nelson Oliveira do que para João Almeida. E o corredor de 34 anos da Movistar não falhou, somando o sexto top 10 em Mundiais de Elites num total de 12 participações.
Depois de uma prova de estrada que não correu de feição para a Seleção, com o 46.º lugar de Nelson Oliveira a mais de 14 minutos do vencedor Mathieu van der Poel e as desistências de João Almeida, Rúben Guerreiro e André Carvalho, Oliveira voltou a estar ao melhor nível na prova de contrarrelógio e terminou na sexta posição com o tempo de 57.11. O belga Remco Evenepoel conseguiu o primeiro título mundial na disciplina, batendo por 12 segundos o ex-campeão italiano Filippo Ganna. O britânico Joshua Tarling, campeão júnior de 19 anos, ficou com a medalha de prata a 48 segundos, seguindo-se o norte-americano Brandon McNulty (1.27) e o belga Wout van Aert, que tinha sido segundo na corrida de estrada (1.37).
João Almeida não foi além do 24.º lugar a 3.08 minutos do antigo companheiro de equipa na Quick-Step, sendo que outros nomes de peso ficaram também muito aquém, casos de Tadej Pogacar, líder da UAE Team Emirates (22.º a 3.06), Tobias Foss (11.º a 2.05), Stefan Kung (12.º a 2.07) ou Lennard Kämna (19.º a 3.08). Ainda assim, a sexta posição conseguida por Nelson Oliveira assegura que Portugal, através do ranking, tenha dois elementos na prova de contrarrelógio dos Jogos Olímpicos de Paris do próximo ano.
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