É um escândalo que está a abalar o futebol em Angola de tal forma que já levou ao adiamento do início da época. O Petro de Luanda, bicampeão nacional e vencedor da Supertaça, treinado pelo português Alexandre Santos, foi suspenso por dois anos pela Federação Angolana de Futebol (FAF), estando em causa o envolvimento do clube em alegados esquemas de corrupção.

Em causa estão mensagens de áudio, divulgadas ao longo dos últimos meses e que apontam para a ocorrência de um pagamento, feito pelo Petro à Académica do Lobito como incentivo para vencer o vencer o 1.º de Agosto na Taça de Angola da época passada (que o Petro viria a vencer).

Numa mensagem revelada em junho, podia ouvir-se o treinador da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, a afirmar ter recebido uma quantia de três milhões de kuanzas (cerca de 3368 euros) para esse mesmo efeito. Um terço do valor seria para si, e o restante para dividir pelo plantel. Noutro áudio, este divulgado recentemente nas redes sociais, o jogador do clube da capital Márcio Luvambo confirma o pagamento deste suborno.

Em comunicado, órgão disciplinar da FAF disse que o castigo foi aplicado pelo “não cumprimento do dever de colaboração a que está adstrito com a FAF, no âmbito do processo disciplinar instaurado”. Além do Petro de Luanda, a federação castigou ainda Agostinho Tramagal com quatro anos de suspensão.

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Mas os castigos não se ficaram pelo caso envolvendo o Petro. O Kabuscorp do Palanca foi condenado à descida de divisão para o segundo escalão, também por corrupção, durante o apuramento para o Girabola, e o presidente do clube, Bento Kangamba, suspenso por quatro anos.

Já o 1.º de Agosto foi multado em 2.000 kwanzas (2,25 euros), por inobservância dos seus deveres com a FAF, estando ainda a ser investigado o papel de Adolfo Manuel, jornalista da Rádio Nacional de Angola, enquanto intermediário das alegadas ilegalidades envolvendo o Kabuscorp e a Académica do Lobito.

A situação acabou mesmo por ditar o cancelamento do jogo da Supertaça de Angola entre o Petro de Luanda e a Académica do Lobito, agendado para domingo, e o adiamento do Girabola, o campeonato angolano, que estava agendado para daqui a duas semanas.

“Em virtude do comunicado oficial da FAF, informamos que fica adiada a realização do jogo da Supertaça, agendado para o dia 3 deste mês, bem como o início do Girabola, no dia 15 de setembro, enquanto aguardamos por mais desenvolvimentos sobre as reações deste mesmo comunicado”, referiu o presidente do Conselho Técnico Desportivo da FAF, José Neves.

O Petro de Luanda já veio, entretanto, responder à notícia da sua suspensão. Este sábado, em comunicado, o clube repudiou a decisão do Conselho de Disciplina da FAF e prometeu recorrer da decisão.

“Gostaríamos de realçar que em momento algum o APL (Atlético Petróleo de Luanda) se refutou em colaborar com o CD/FAF e, inclusivamente, tudo foi feito para atender às suas solicitações. Prova disso são as comunicações trocadas entre as duas instituições, que atestam a disponibilidade em cooperar”, pode ler-se no comunicado, no qual o clube apelou aos aos adeptos e à massa associativa para “manterem a calma” enquanto a situação se resolve.