O primeiro-ministro japonês afirmou esta sexta-feira que a proibição chinesa de importação de produtos do mar nipónicos, devido à libertação de água radioativa tratada no oceano, contrasta com a compreensão demonstrada pelos membros da comunidade internacional.
A central nuclear de Fukushima Daiichi, situada na costa nordeste do Japão, começou a libertar no final de agosto águas residuais radioativas tratadas e diluídas no Oceano Pacífico. A comunidade piscatória japonesa opôs-se a esta libertação e a China baniu a importação de todos os produtos do mar japoneses.
O chefe de Governo japonês, Fumio Kishida, disse aos jornalistas em Jacarta, capital da Indonésia, após uma sessão em que participaram os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático, bem como a Coreia do Sul e a China, que a libertação da água tratada é conduzida de acordo com as normas de segurança internacionais e com a ajuda da Agência Internacional de Energia Atómica.
O governante afirmou também que o Japão tem vindo a obter ampla compreensão da comunidade internacional e que, em contraste, a proibição geral da China em relação aos produtos do mar japoneses “sobressaiu”.
O primeiro período de descarga de água no mar da central nuclear danificada de Fukushima termina na segunda-feira, como previsto, anunciou esta sexta-feira a empresa responsável pelas operações (Tepco).
Foram recolhidas e analisadas diariamente amostras para medir a radioatividade da água descarregada, e este nível foi sistematicamente inferior ao limite máximo fixado de 1.500 becquerels/litro, anunciou a Tepco em comunicado. Este limite é 40 vezes inferior à norma japonesa para este tipo de descargas no mar e é também quase sete vezes inferior ao limite fixado pela Organização Mundial de Saúde para a água potável (10 mil Bq/L).
A água que a Tepco começou a descarregar no Oceano Pacífico a 24 de agosto provém da chuva, das águas subterrâneas e das injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos três reatores da central de Fukushima Daiichi (nordeste do Japão) que derreteram após o tsunami de 2011. Durante muito tempo, esta água foi armazenada em enormes tanques no local da central e tratada para remover as substâncias radioativas, com exceção do trítio, que só é perigoso em doses concentradas muito elevadas, segundo os especialistas.
É por isso que a Tepco dilui muito amplamente a água com trítio em água do mar antes de a descarregar no oceano, de modo a que o seu nível de radioatividade não ultrapasse o limite de 1.500 Bq/L. O alarme de um detetor de fugas nas condutas de água filtrada disparou na quarta-feira, mas uma inspeção imediata “confirmou” que se tratava de um falso alarme, declarou a Tepco no comunicado.
No total, cerca de 7.800 metros cúbicos de água com trítio terão sido descarregados durante esta primeira fase de 17 dias. No final de agosto, a Tepco declarou que estava a planear três outras operações semelhantes até ao final de março de 2024.
No total, o Japão planeia descarregar mais de 1,3 milhões de m3 de água de Fukushima no Oceano Pacífico – o equivalente a 540 piscinas olímpicas – mas de forma extremamente gradual, até ao início da década de 2050, de acordo com o calendário atual.