O presidente executivo da gigante do petróleo BP, Bernard Looney, demitiu-se esta terça-feira com efeitos imediatos depois de terem surgido informações sobre relações amorosas que Looney manteve com colegas de trabalho.

Segundo o The Telegraph, a notícia surgiu inicialmente na noite de terça-feira, quando a petrolífera britânica emitiu um comunicado dando conta de que Looney tinha informado a empresa de que não tinha sido, no passado, “totalmente transparente” no que toca às suas relações com colegas de trabalho.

A polémica começou há mais de um ano, quando, em maio de 2022, a BP recebeu informações anónimas sobre relações pessoais do presidente executivo com colegas. A empresa começou uma investigação sobre a situação — e, de acordo com o comunicado, nessa altura Looney terá revelado “um pequeno número de relações anteriores”.

Nessa primeira investigação, a BP concluiu que o líder da empresa não tinha quebrado qualquer regra interna. Todavia, mais recentemente a empresa voltou a receber informações no mesmo sentido — o que motivou uma nova investigação.

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“O senhor Looney informou hoje [terça-feira] a empresa de que aceita agora que não foi totalmente transparente nas informações prestadas anteriormente. Não forneceu detalhes de todas as suas relações e aceita que era obrigado a fazer uma revelação mais completa”, diz o comunicado.

A BP acrescenta ainda que tem “valores fortes” e que a administração da empresa espera de todos os funcionários, especialmente dos líderes, que atuem “em conformidade com esses valores” e que sejam “modelos” para os outros.

Looney já tinha estado, este ano, no centro de uma polémica, quando foi noticiado que o seu salário em 2022 mais do que tinha duplicado, para 11,3 milhões de euros — o que causou grande contestação social devido ao crescente custo de vida no Reino Unido e no resto da Europa.

Salário anual do presidente executivo da BP mais que duplica para 11,3 milhões de euros em 2022

Mas já antes a vida pessoal de Looney tinha sido objeto de controvérsia, quando a sua ex-mulher, Jacqueline Hurst, publicou um livro em que acusou Looney de apenas se ter casado com ela para progredir na carreira: só sendo visto como um homem casado teria hipóteses de subir na empresa.

Agora, também de acordo com o The Telegraph, a administração da BP está a ser pressionada para revelar tudo o que sabia sobre os comportamentos de Looney.

Várias fontes que falaram sob anonimato àquele jornal inglês dizem que os múltiplos casos de Looney eram do “conhecimento público” nos corredores do setor. “Estas histórias circulam há anos em conversas e grupos de WhatsApp”, disse uma fonte ao The Telegraph.

“A BP começou a sua própria investigação interna em 2022, mas estas coisas eram conhecidas muito antes de ele sequer ser nomeado, em 2020. É por isso que isto é sobre muito mais do que apenas um homem: é sobre toda a cultura da empresa”, acrescentou a mesma fonte não identificada.

Devido às revelações mais recentes, a empresa encomendou a uma firma de advogados externa a realização de um inquérito alargado, cujo relatório final será depois entregue à BP.