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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou um desafio claro aos líderes presentes na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), reunidos em Nova Iorque: “É tempo de cumprir.” Num “exigente momento” para a “construção da paz e para a cooperação internacional”, o Chefe de Estado português salientou três vetores em que é “urgente” agir: o respeito pela Carta das Nações Unidas (ONU), a luta contra as alterações climáticas e a reforma da instituição.

“É fácil vir aqui todos os anos e prometer o mesmo e não realizar aquilo que é prometido, não contribuindo para o respeito do direito internacional, para a justiça e para o desenvolvimento sustentável”, salientou o Presidente da República, que defendeu que “não há multilateralismo possível, cooperação duradoura ou paz” sem ação. “Cada dia perdido é mais um dia de desigualdades, de egoísmo e conflito.”

Na ótica de Marcelo Rebelo de Sousa, é “urgente o respeito da Carta das Nações Unidas” e de princípios como a “integridade territorial, soberania dos Estados e os direitos humanos”. O Presidente da República relacionou depois esse respeito pela Ucrânia — e a “luta do povo ucraniano” — com outras populações que enfrentam também conflitos nos respetivos territórios. “Não é possível separar a luta do povo ucraniano da luta pelo respeito da carta das Nações Unidas”, reforçou Marcelo.

Além disso, no entender do Presidente da República, “é urgente reformar as instituições construídas no século passado, algumas delas na primeira metade do século passado, que estão totalmente afastadas do mundo atual”, numa alusão a instituições financeiras e ao Conselho de Segurança.

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Relativamente ao Conselho de Segurança, o Chefe de Estado defendeu que Portugal apoia a entrada de mais membros (sejam temporários ou permanentes, neste último caso Marcelo referiu o Brasil e a Índia) no órgão mais importante das Nações Unidas. Já sobre as organizações financeiras, o Presidente deixou duras críticas por não serem capazes de assegurem um financiamento “sustentável e com equidade”, “favorecendo os mais ricos e desfavorecendo os mais pobres”.

“Portugal defende o respeito pelas Nações Unidas, a aceleração do combate contra as alterações climáticas e a defesa da reforma das instituições”, vincou Marcelo Rebelo de Sousa, assegurando igualmente: “Não desistiremos de apoiar Guterres, custe o que custar.”

O voto do Chefe de Estado é que, “daqui a um ano”, “seja possível dizer que há mais paz do guerra e não mais guerra do paz, há mais justiça do que injustiças e mais igualdade do que desigualdades”.

“Se assim for, para o ano, valeu a pena. Se assim não for, continuaremos a ouvir sempre os mesmos — e tanto deles muito influentes — a prometer e a não cumprirem”, reforçou o Chefe de Estado, ligando a falta de ação ao facto de que os povos “acreditem cada vez menos naqueles que os governam”.