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A guerra na Ucrânia foi um dos temas em destaque nesta terça-feira durante a 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e o Presidente turco não fugiu ao tema. No arranque da sua intervenção, Recep Tayyip Erdoğan começou por afirmar que desde o início do conflito a Turquia se esforçou para trazer os “amigos” russos e ucranianos à mesa de negociações, tendo em conta a ideia de que a guerra não terá vencedores e a paz não terá vencidos. Pelo meio deixou uma promessa: redobrar os esforços para promover uma solução pacífica.

“Vamos fortalecer os esforços para pôr fim à guerra através da diplomacia e o diálogo, na base da independência da Ucrânia e da sua integridade territorial”, garantiu Erdoğan. Nesse sentido, destacou a importância do acordo de cereais do Mar Negro, que a Turquia ajudou a mediar com a ONU para permitir o transporte seguro de alimentos ucranianos para os países mais necessitados. “Impedimos a ameaça de uma crise alimentar mundial ao garantir a entrega de 33 milhões de toneladas de cereais através do Mar Negro para os mercados globais”, referiu.

Até agora, os esforços para negociar a paz não levaram a lado nenhum”, afirmou.

O acordo, que foi renovado por três vezes ao longo do último ano, foi suspenso no mês passado pela Rússia. Na altura, Moscovo alegou o incumprimento das medidas que lhe tinham sido prometidas, nomeadamente que o envio de produtos agrícolas e de fertilizantes estava a ser bloqueado pelas sanções ocidentais. Aparentemente seguindo este raciocínio, o Presidente turco disse que “o fracasso em cumprir o acordo em todos os seus elementos deixou o mundo a enfrentar uma nova crise alimentar”. Erdoğan não deixou de lembrar a nova iniciativa que está a promover juntamente com a Rússia, com o objetivo de fornecer um milhão de toneladas de cereais aos países em maior necessidade. “O nosso objetivo é fazer a maior contribuição possível para a paz e prosperidade à nossa volta”, garantiu.

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Rússia e Turquia chegam a princípio de acordo para fornecimento de um milhão de toneladas de cereais

À semelhança de outras figuras que passaram pelo palco da Assembleia Geral, como o secretário-geral da ONU, o Presidente português ou o congénere brasileiro, Erdoğan também se debruçou sobre a necessidade de reformar o Conselho de Segurança. Neste organismo, há cinco os países — EUA, China, Rússia, França e Reino Unido — com o estatuto de membros permanentes, com direito a veto, que dificultam a tomada de certas decisões. “O mundo é maior do que cinco e é possível um mundo mais justo”, sublinhou.

Para o Chefe de Estado, este organismo da ONU deixou de ser o garante da segurança mundial e tornou-se no “campo de batalha das estratégias políticas desses cinco países”. Tornaram-se, deste modo, necessárias reformas urgentes, concretiza Erdoğan.

O líder turco também aproveitou a sua intervenção para apresentar a abordagem do país sobre vários assuntos relacionados com a segurança internacional dos vizinhos regionais, desde a Síria — que à, semelhança da Turquia, sofreu com os efeitos de um terramoto devastador — ao Iémen, afetado por um conflito prolongado. Repetiu, nomeadamente, a sua posição sobre a independência da Palestina e o regresso às fronteiras de 1967, e sublinhou o seu apoio às negociações entre a Arménia e o Azerbaijão, que esta segunda-feira prometeu levar “até ao fim” a operação militar que lançou na região de Nagorno-Karabakh.

Operação militar do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh causou 25 mortos. Forças arménias concordaram com cessar-fogo