O Manchester City esperou uma vida inteira para poder ler uma frase: esta terça-feira, entrava em campo enquanto detentor da Liga dos Campeões. Depois da conquista inédita da época passada, com a vitória perante o Inter Milão graças a um golo solitário de Rodri, o conjunto de Pep Guardiola recebia o Estrela Vermelha e começava uma caminhada onde o objetivo natural é revalidar o título. E isso diz muito sobre o momento atual daquela que é considerada a melhor equipa do mundo.

O City arrancava a participação na Liga dos Campeões vindo de cinco vitórias em cinco jornadas e na liderança isolada da Premier League. Bafejados pela sorte no sorteio da fase de grupos, calhando com o RB Leipzig e o Young Boys para além do Estrela Vermelha, os ingleses defrontavam os sérvios depois de um verão em que perderam Gündoğan, para além de Mahrez e Laporte, e contrataram Kovacic, Jérémy Doku, Matheus Nunes e Gvardiol. A maior conquista, porém, foi uma renovação: a de Bernardo Silva.

O médio português decidiu prolongar o vínculo ao Manchester City, rejeitou o Barcelona, o PSG e também a Arábia Saudita e manteve-se enquanto figura central da equipa de Guardiola. Até dentro do balneário, como Kyle Walker explicou numa entrevista durante a semana. “O Bernardo já deixou muito claro que é muito importante para a equipa. Fora de campo vocês não vêem muito, mas ele tem uma relação tão boa com o treinador que quando queremos dias de folga pedimos-lhe para ir falar com o Pep”, contou o lateral inglês.

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Neste contexto e contra o Estrela Vermelha, Guardiola dava a primeira titularidade a Matheus Nunes e lançava Bernardo, Julián Álvarez e Phil Foden no apoio a Haaland, deixando Doku no banco. Kyle Walker surgia na ala direita, com Sergio Gómez do lado contrário, e Rúben Dias era naturalmente titular ao lado de Nathan Aké no eixo defensivo. Do outro lado, Ndiaye e Bukari formavam a dupla ofensiva da equipa do israelita Barak Bakhar.

O Manchester City assumiu o controlo das ocorrências de forma natural, assentando arraiais no meio-campo adversário e não permitindo que o Estrela Vermelha se aproximasse sequer da área contrária. Os ingleses dominavam em praticamente todos os indicadores e o golo parecia uma questão de tempo, até porque as oportunidades estavam a surgir: Rodri rematou forte para Omri Glazer defender (14′), Álvarez atirou em jeito para nova intervenção do guarda-redes israelita (17′) e Haaland cabeceou à trave depois de um cruzamento de Foden (25′).

As ocasiões multiplicavam-se, mas o City demonstrava uma ausência de eficácia pouco habitual e Pep Guardiola não estava satisfeito com a exibição da equipa — algo que ficou comprovado já perto do intervalo, quando decidiu surpreender ao trocar Bernardo por Doku, numa substituição embrionária que deixou o português visivelmente desagradado. Os problemas do treinador espanhol, porém, tornaram-se ainda maiores quando Bukari abriu o marcador ao bater Ederson na sequência de um contra-ataque (45′), levando o Estrela Vermelha a vencer o Manchester City ao intervalo no Etihad.

Guardiola não fez alterações no início da segunda parte e o empate surgiu de forma quase imediata, com Haaland a assistir Álvarez de forma perfeita e o argentino a marcar na cara de Glazer. O Manchester City regressou do balneário com a corda toda, sendo fácil imaginar uma palestra incendiada do treinador, e pouco depois voltou a colocar a bola no fundo da baliza por intermédio de Walker — mas o lance foi anulado por fora de jogo do inglês.

O treinador catalão voltou a mexer para trocar Sergio Gómez por Manuel Akanji e a reviravolta não demorou muito a aparecer, com o City a assumir com naturalidade a obrigação de uma vitória que só estava a pecar por tardia. Álvarez bateu um livre descaído na esquerda e Glazer falhou completamente a abordagem à bola ao tentar um soco ao invés de agarrar, ficando muito mal na fotografia que deu o segundo golo dos ingleses e o segundo golo do argentino.

O Manchester City manteve o pé no acelerador depois de conquistar a vantagem, até porque o Estrela Vermelha continuava ligado ao jogo e não parecia pronto para capitular, e o terceiro golo surgiu à beira do último quarto de hora: Rodri pegou na bola à entrada da grande área, virou-se em oposição e atirou cruzado para aumentar a vantagem (73′).

Guardiola geriu até ao fim, dando minutos a Kalvin Phillips, a Rico Lewis e ao jovem Oscar Bobb, e o Manchester City acabou mesmo por vencer o Estrela Vermelha com direito a reviravolta, colocando-se desde já na liderança do Grupo G em conjunto com o RB Leipzig, que derrotou o Young Boys.