Todos os anos, os habitantes de Pamplona, cidade no norte de Espanha, aguardam ansiosamente pela chegada das Festas de São Firmino. Em 2016, não foi exceção, mas desde então que os festejos ficaram marcados por um ataque que se tornou mediático. No final da noite, uma jovem de 18 anos dirigiu-se para o carro para descansar, tendo sido seguida por um grupo de cinco homens. A mulher acabou por não chegar à viatura, tendo, em vez disso, sido empurrada para a entrada de um edifício. Aí, alguns dos homens agrediram-na sexualmente, enquanto outros filmaram as consequentes violações. Depois, abandonaram-na e partilharam todas as imagens num grupo de WhatsApp chamado “La Manada”.
O caso ficou conhecido em todo o país e motivou diversas manifestações, após a primeira decisão do tribunal ter considerado José Ángel Prenda, Jesús Escudero, Alfonso Jesús Cabezuelo, Antonio Manuel Guerrero e Ángel Boza inocentes, por não ser possível provar que a mulher tinha sido forçada a cometer tais atos sexuais. Em 2019, “A Manada” acabou por ser condenada pelo Supremo Tribunal a 15 anos de prisão por violação.
Agora, exatamente sete anos depois do sucedido, surgem alegações contra uma outra “manada”. Desta vez, em Barcelona, na Catalunha. Um grupo de funcionários contratados pelo Hotel Sofia, unidade de cinco estrelas do grupo Hyatt Hotels Corporation, foi detido esta segunda-feira por uma alegada agressão sexual múltipla a uma mulher, durante uma viagem à ilha espanhola de Ibiza.
A notícia foi avançada pelo jornal Crónica Global, que revelou que, segundo a informação fornecida pelos agentes da polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, os homens terão aproveitado a “indisposição” da mulher para a abusar sexualmente. O Hotel Sofia já reagiu, alertando para o facto de os homens não serem funcionários internos da unidade hoteleira, mas sim contratados a uma empresa exterior.
Ainda assim, a unidade de cinco estrelas disse estar disposta a colaborar com a polícia, oferendo o “seu apoio na investigação” deste “incidente muito sério”. O porta-voz do hotel reforçou ainda que leva “este tipo de acusações com a maior seriedade”.
Não toleramos qualquer forma de abuso por parte de qualquer um dos nossos colegas, seja em que circunstância for”, rematou.
Este não é o primeiro caso do género investigado pela Mossos d’Equadra este ano. Em agosto, receberam uma denúncia de uma mulher residente na cidade L’Hospitalet de Llobregat, após um grupo de assaltantes ter forçado a entrada de sua casa, acabando por violá-la em seguida.
Em 2020, a polícia catalã criou uma unidade especial para a investigação destes casos, a Unidade Central de Abusos Sexuais (UCAS), devido ao aumento das denúncias. Em julho, contudo, esta foi reformulada pelo Ministério do Interior, passando a chamar-se Unidade de Inteligência de Violências Sexuais.