As Nações Unidas (ONU) não concordam com a proibição imposta por França às suas atletas, que foram impedidas de usar hijab durante os Jogos Olímpicos de Paris de 2024.
A porta-voz do gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Marta Hurtado, referiu, em declarações citadas pelo The Guardian, que “ninguém deve impor a uma mulher o que ela deve ou não vestir”, pelo que discorda da posição tomada sobre as atletas que levam a bandeira francesa ao peito.
“De acordo com os padrões internacionais de direitos humanos, as restrições de expressões de religiões ou crenças, como a escolhas de indumentária, apenas são aceitáveis em circunstâncias específicas que abordem preocupações de segurança pública, ordem pública, saúde pública ou moral de forma necessária e proporcional”, justificou a porta-voz da ONU.
As palavras de Marta Hurtado surgem depois de a ministra francesa do Desporto, Amélie Oudéa-Castér, ter confirmado as intenções de impor restrições à utilização do véu islâmico durante a competição que decorre no país. Em agosto, o ministro francês da Educação anunciou que o hijab seria banido dos estabelecimentos de ensino do país, nomeadamente as abaya, túnicas islâmicas femininas que cobrem todo o corpo, e argumentou que se trata de um vestuário religioso contrário ao laicismo do sistema político francês.
Agora, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos, a governante francesa explicou, em declarações à France 3, que “os representantes das delegações francesas não vão usar o lenço na cabeça”, apontando que o objetivo é atingir a “neutralidade absoluta” de França.
Perante esta decisão, a porta-voz da ONU recorda que estão em causa “práticas discriminatórias podem ter consequências prejudiciais”, reiterando que “as normas internacionais de direitos humanos, as restrições à expressão de religiões ou crenças, bem como a escolha do vestuário, só são aceitáveis em circunstâncias muito específicas”.