A Plataforma Cívica contra a construção do novo aeroporto de Lisboa na Base Aérea do Montijo defendeu esta quinta-feira que a privatização da TAP é a peça que faltava para entregar a capitais estrangeiros toda a aviação civil portuguesa.

“A privatização da TAP é, na prática, a peça que faltava para entregar, aos interesses dos grandes capitais estrangeiros, todo o setor da aviação civil”, refere um comunicado divulgado pela Plataforma Cívica, após o anúncio do Governo de que pretende privatizar pelo menos 51% da empresa.

“Esta possível privatização é inseparável da privatização da ANA Aeroportos, S.A., levada a cabo em 2012 com as consequências que já hoje confirmam os receios à altura”, acrescenta o comunicado, lembrando  que a Plataforma Cívica já  tinha chamado a atenção para a “inevitável ligação que a TAP tem com o Novo Aeroporto de Lisboa”.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, revelou esta quinta-feira a intenção do Governo de privatizar, pelo menos, 51% da TAP, mas deixou claro que a privatização até poderá ser de 100% se o executivo entender que essa é a melhor forma de salvaguardar os interesses do país.

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O movimento que contesta a construção do novo aeroporto do Montijo e que se tem manifestado várias vezes a favor de uma nova infraestrutura aeroportuária de raiz no campo de Tiro de Alcochete, entende, pelo contrário, que a melhor solução passa pela manutenção da TAP na esfera pública. E lembra que “o hub da TAP e o hub de Lisboa/Portugal não são separáveis em qualquer abordagem séria que considere os interesses dos portugueses, do país e do seu desenvolvimento”.

A “Plataforma Cívica Aeroporto na BA6 do Montijo, Não”, considera ainda que o Governo “não explica por que razão estando a TAP em visível recuperação, económica, financeira e operacional, a mesma tenha de ser privatizada perdendo o estado português o controle sobre a última empresa estratégica do país”. “Aparentemente, parece tratar-se de um porque sim. Se dá lucro vende-se. Não importam as consequências”, lê-se no documento.

A Plataforma Cívica considera ainda que, com o anúncio feito esta quinta-feira pelo Governo, “fica aberto  o caminho para mais facilmente se satisfazer os interesses das multinacionais e desvalorizar a necessidade de um novo, moderno e consistente Novo Aeroporto de Lisboa”. “A defesa de um Novo Aeroporto de Lisboa e do seu  hub nacional não se defende vendendo a TAP. Pelo contrário, a luta pela defesa do Novo Aeroporto de Lisboa fica mais forte com a TAP mantida no domínio do estado português”, conclui a “Plataforma Cívica Aeroporto na BA6 do Montijo, Não”.

O ministro das Finanças confirmou esta quinta-feira que o Governo procura “um investidor de escala no setor aéreo, num consórcio por ele liderado” e não procura atrair “puros investimentos de natureza financeira”   que entrem no capital da companhia com objetivo de alienar posteriormente partes da companhia, como, por exemplo,  o negócio da manutenção de aeronaves, “retirando o contributo estratégico da TAP ao país”.

Segundo Fernando Medina, a percentagem do grupo a privatizar ainda não está definida, mas deverá ser,  no mínimo, de  51% do capital, com uma tranche de até 5% reservada aos trabalhadores.

Se será 51%, se será 60%, 70%, 80%, ou, até como o senhor primeiro-ministro admitiu – 100% -, isso não está definido. Será definido em fase posterior do processo, em função do que o Governo considerar que é essencial em termos de segurança no cumprimento dos objetivos estratégicos definidos”, explicou o ministro.