A ministra do Trabalho em funções e vice-presidente do governo espanhol, Yolanda Díaz, deixou um inesperado aviso a Pedro Sánchez. Essencial para a formação de um novo governo, um acordo entre o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE) e o Sumar ainda está “longe” de acontecer, advertiu a líder partidária.
Em declarações após se ter reunido com o Rei Felipe VI, a líder do Sumar, citada pelo El País, explicou que a coligação que comanda quer “ganhar direitos”, enquanto o PSOE diz apenas que é necessário “consolidá-los”. Yolanda Díaz afirmou que quer “ampliar direitos laborais”, lutar por uma “democracia fiscal”, negociar um novo sistema de financiamento autónomo e tentar alcançar as metas climáticas mais cedo do que o previsto.
Ainda que se mostre confiante de que será possível chegar a acordo para um governo progressista”, Yolanda Díaz realçou que o Sumar e o PSOE ainda estão “longe” de chegarem a um consenso. “Ao dia de hoje, não há acordo”, insistiu, advertindo que o Sumar não se conforma com aquilo que se conseguiu na “última legislatura”.
A líder do Sumar garantiu, ainda assim, que não “há linhas vermelhas” nas negociações com o PSOE e que “não se levanta da mesa” até conseguir um acordo. Defendendo que as negociações devem ser à porta fechada e que não se devem partilhar detalhes, Yolanda Díaz revelou apenas que a política de habitação é um dos pontos que mais atrito cria entre PSOE e Sumar.
Para além de Yolanda Díaz, o Rei Felipe VI recebeu mais forças partidárias. O líder do VOX, Santiago Abascal, garantiu que votaria contra uma investidura de Pedro Sánchez e indicou que vai “lutar” nas “ruas, nas instituições e nos tribunais até às últimas consequências” relativamente à amnistia.
“A amnistia é um passo em direção à mudança de regime que alguns pretendem”, lamentou Santiago Abascal, que referiu que não se deve deixar que o “golpe de Estado” de 2017 seja legitimado pelo governo espanhol. “Os inimigos da convivência, de Espanha e da ordem constitucional estão quase a chegar.”
Por seu turno, o Partido Nacionalista Basco também se reuniu com o Rei, mas não divulgou detalhes sobre as conversas. Já a porta-voz da Coligação Canária, Cristina Valido, adiantou que não estão a decorrer negociações com o PSOE: “Nem sequer sabemos se estamos na sua agenda”. O partido das Canárias apoiou a investidura de Alberto Núñez Feijóo, mas não fecha completamente a porta a um acordo com os socialistas.
Ainda que realce a Coligação Canária não goste da ideia de oferecer uma amnistia aos organizadores do referendo da Catalunha em 2017, Cristina Valido não descartou aliar-se a Pedro Sánchez. Mas, para isso, é “fundamental” que os socialistas apoiem a agenda canária, que contém uma série de reivindicação nas políticas do arquipélago.
Possuindo apenas um deputado no Congresso, a Coligação Canária pode ser fundamental para a formação de um governo progressista se um dos partidos independentistas catalães falhar a Pedro Sánchez. Isto porque, numa segunda votação da investidura, em que é apenas necessário mais votos a favor do que contra, o voto do partido canário será essencial para formar governo.
Sobre a posição da União do Povo Navarro, com um deputado, não há dúvidas. Javier Esparza, presidente do partido, recusou por completo apoiar uma investidura de Pedro Sánchez. “O nosso voto é não a uma investidura de Sánchez com Eh Bildu, com ERC e com Junts”, afirmou.
Esta terça-feira, será a vez de Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, e Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular, se encontrarem com o Rei Felipe VI, que tem duas opções: ou nomeia o socialista para tentar investidura, ou convoca a realização de eleições, marcadas já para dia 14 de janeiro.