No momento de distribuir os incentivos à compra de veículos eléctricos, o Governo italiano parece disposto a alinhar pelos franceses, reservando as ajudas do Estado para os veículos eléctricos que são fabricados com energia gerada de forma menos poluente. Isto coloca de fora os eléctricos chineses, uma vez que este país asiático produz a sua electricidade muito à custa de centrais a carvão, a forma mais poluente de gerar energia.

O objectivo de ambos os Governos parece evidente, apostados em criar uma barreira que impeça os automóveis chineses a bateria de se candidatarem aos subsídios à compra. Tão importante quanto isso, passa igualmente pelo caderno de encargos conseguir beneficiar os veículos fabricados na União Europeia (UE), sem contudo colidir com as regras da UE, que impede as ajudas aos produtores locais.

França cria leis para prejudicar os eléctricos chineses

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Às regras da União, o Governo francês já respondeu afirmando que a Organização Mundial do Comércio não impede a aplicação de limitações relacionadas com a saúde ou com o ambiente, o que deixa os construtores chineses em maus lençóis, uma vez que as suas más práticas ambientais são por demais conhecidas. A Itália surge agora, como confirmaram à Reuters duas fontes, apostada em seguir o mesmo rumo.

No meio do caminho desta estratégia franco-italiana estão os alemães, que pretendem não fazer ondas contra os automóveis vindos da China. O ministro dos Transportes germânico, Volker Wissing, disse que não apoiaria os políticos isolacionistas que perseguissem os eléctricos chineses com tarifas, com o Governo a reagir assim no interesse dos construtores alemães, que têm na China um dos seus maiores mercados, de que não querem abrir mão. Pelo seu lado, a China já avisou que, se perseguirem os seus automóveis, irá retaliar com proibições adicionais aos veículos de construtores estrangeiros, mesmo se produzidos na China.

De recordar que, para vender livremente na China, o Governo local exige que os construtores estrangeiros produzam directamente no país e aceitem criar uma joint-venture com um sócio a 50%, que é necessariamente um fabricante pertença do Estado, o que lhe garante o acesso à tecnologia (apenas à Tesla foi permitido avançar sem um parceiro local). Possivelmente, seria mais interessante para a economia europeia que as marcas chinesas fossem obrigadas a respeitar as imposições a que submetem os construtores europeus que ali desejam comercializar os seus veículos, construindo fábricas na Europa, contratando trabalhadores europeus e pagando impostos no Velho Continente.