Marcelo Rebelo de Sousa faz um auto-retrato de personalidade em declarações ao Tal&Qual, onde explica que sempre foi “original e irreverente” e descreve o aparte que fez sobre o decote de uma jovem da seguinte forma: “É um comentário tipicamente meu“. Como o semanário questionava na manchete da semana anterior se o chefe de Estado estaria “bom da cabeça” — uma das poucas condições que pode provocar a destituição do cargo — o Presidente da República garante: “Não estou maluco, estou igual ao que sempre fui, mas prometo quando tiver o primeiro sinal avalizado por especialistas, ou sentido por mim, telefono ao Tal&Qual e aviso que estou chalupa“.

O Presidente da República, nas mesmas declarações ao semanário, critica ainda os media, ao dizer que “um dos problemas da democracia portuguesa é não ter uma comunicação social forte”. Além disso, Marcelo questiona ainda o “racional” de dizerem que estava “maluco” ou “fraco politicamente”. O Presidente exemplifica ainda que esse racional podia ser o facto de se estar a aproximar do fim do mandato e que tenta compensar a perda de peso político com “o seu narcisismo ou egocentrismo patológico”. Mas que não pode ser isso, já que “não há uma sondagem que confirme” que está efetivamente a “perder peso político”.

Marcelo e os decotes: “Hipnotizado estou eu com o decote da companheira”

Marcelo diz que os portugueses já o “conhecem há décadas” e sabem que o seu comportamento não teve nenhuma alteração. Diz, por exemplo, que comentários como aquele que fez sobre o decote de uma lusodescendente no Canadá (“Ainda apanha uma gripe, já viu bem, com esse decote?”) é algo que faz habitualmente.

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De facto, há relatos no passado de tiradas de Marcelo Rebelo de Sousa similares à que teve no Canadá. Em 2005, enquanto estava num jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, uma aluna de 19 anos, do grupo azul, disse o seguinte ao então professor e comentador político: “Gostava de dizer que o grupo azul não está hipnotizado, mas ouviu com toda a atenção e todo o prazer”.

Marcelo respondeu na altura: “Começo por dizer que hipnotizado estou eu com o decote da companheira! Obviamente não pelo decote mas pela beleza da companheira!”. Ficou tudo registado em áudio e nas atas da Universidade de Verão do PSD.

O comentário de Marcelo, há 18 anos, fez com que um aluno de outro grupo classificasse o lugar onde estava sentado como “um problema”. “Estamos na última fila e não podemos beneficiar do decote generoso que a colega da frente, egoisticamente, reserva apenas para a mesa dos oradores”, disse o aluno, embalado pelo comentário de Marcelo, e provocando risos na sala. Ou seja: há histórico de comentários sobre decotes.