A Bélgica está a investigar e a monitorizar o hub logístico do grupo chinês Alibaba no aeroporto de Liège devido a receios de espionagem ao serviço de Pequim. O serviço de segurança belga (VSSE) disse estar a trabalhar para “detetar e combater possíveis atividades de espionagem e/ou interferência levadas a cabo por entidades chinesas, incluindo o Alibaba”.
O Financial Times, que avança a notícia, explica que uma das questões que está a ser escrutinada é a introdução de sistemas de software que recolhem informações económicas que podem ser consideradas sensíveis. Por outro lado, a legislação que obriga as empresas chinesas a partilharem dados com Pequim também coloca o Alibaba como um “ponto de atenção” para as autoridades belgas. E não só, uma vez que os EUA também têm vindo a contestar a presença do TikTok no país precisamente devido a esta legislação e receios de espionagem.
A China tem a intenção e a capacidade de usar estes dados [partilhados pelo Alibaba] para fins não comerciais”, considera a Bélgica.
O centro logístico do Alibaba na Bélgica, que foi inaugurado em 2021, é gerido pela Cainiao, empresa de logística que tem acesso a informações sobre mercadorias, produtos e detalhes de transporte e que faz parte desse grupo chinês. De acordo com o The Guardian, a firma negou “veemente as alegações”, garantindo que “cumpre todas as leis e regulamentos, incluindo o GDPR [Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados]”.
A Cainiao disse que os dados do hub de logística em Liège — que fornecem informações sobre as suas operações — foram armazenados em servidores localizados na Alemanha, que são operados pela Alibaba Cloud.
Foi em 2018 que o grupo Alibaba assinou um acordo com a Bélgica para abrir um hub em Liège, prevendo na altura um investimento de cerca de 100 milhões de euros. O Financial Times indica que as preocupações com possíveis atividades de espionagem no local foram levantadas pela primeira vez ainda o centro não tinha sido construído. Na altura, a China refutou as “insinuações” acerca dos “supostos riscos de segurança das empresas chinesas”.
No mês passado, o Alibaba entrou com um pedido para listar a Cainiao na bolsa de Hong Kong. A concretizar-se a entrada em bolsa, será a primeira subsidiária a ser separada do grupo chinês, que em maio revelou que tinha a intenção de listar as subsidiárias de vendas a retalho e logística.