Em 2020, Donald Trump afirmou-se vítima de fraude eleitoral no Twitter (atual X) e, meses depois, milhares de manifestantes invadiram o Capitólio para o apoiar. No entanto, nunca houve provas que mostrassem que a vitória de Joe Biden, nas eleições presidenciais, tinha sido efetivamente ilegítima. Três anos depois, continua a haver quem acredite nas palavras do ex-Presidente.

Perguntar pelo tempo, pedir para tocar uma canção e até contar uma piada seca. Os utilizadores recorrem à Alexa, a assistente virtual da Amazon, para todo o tipo de questões. E as que dizem respeito à alegada fraude eleitoral em 2020 não são exceção. O utilizador que perguntar a Alexa sobre o acontecimento que ainda hoje persegue Trump — o ex-Presidente está a ser acusado de conspiração para tentar alterar os resultados das eleiçõ — receberá como resposta que estas “foram roubadas por uma enorme quantidade de fraudes eleitorais”, noticia o The Washington Post.

Citando o Rumble, o serviço de transmissão de vídeo utilizado por muitos conservadores, a assistente da empresa fundada por Jeff Bezzos diz que as eleições foram “marcadas por muitas irregularidades e indicações que apontam para fraude eleitoral ocorrida nos centros metropolitanos”.

Além destas declarações, Alexa afirma ainda que o republicano ganhou na Pensilvânia, sustentando assim a publicação que Trump fez a dizer que o estado “os impediu de assistir a grande parte da contagem das urnas”. “Impensável e ilegal neste país”, atirou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda que a Amazon se tenha recusado a explicar ao jornal norte-americano o motivo para tal acontecer, uma vez que a empresa se diz uma “fonte de confiança no que diz respeito a notícias sobre as eleições”, emitiu um comunicado a dizer que já corrigiu os erros.

“Estas respostas foram erros que aconteceram um pequeno número de vezes e que foram rapidamente corrigidos. Nós melhoramos continuamente os sistemas que temos em vigor para detetar e bloquear conteúdo impreciso”, garantiu a porta-voz Lauren Raemhild, acrescentando que, durante as eleições, a Alexa recorreu a fontes fidedignas, como a Reuters. Certo é que, após o contacto do The Washington Post, a resposta da Alexa mudou.

A Amazon desenvolveu esta nova ferramenta da Alexa, que permite aos utilizadores estar informados sobre as eleições, em 2018, quando percebeu que, durante a corrida de 2016, várias pessoas recorreram à assistente virtual para saber novidades.

Foi assim que nasceu o “Alexa, dá-me atualizações das eleições”, uma “forma única, simples e agradável para os clientes de obter informações quando se preparam para votar” e de saberem novidades “a tempo real sobre as sondagens e os resultados das eleições”, disse a empresa.

Como todos os sistemas de Inteligência Artificial, a Alexa também tem as suas falhas. Algo impensável para alguns críticos: “Se as grandes empresas ajudarem a dar vida à ‘grande mentira’, anos depois do acontecimento, estão a permitir que a narrativa que a anima o extremismo norte-americano perdure”, disse Jacob Glick, que foi conselheiro de investigação na comissão criada após o ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021. “Deviam estar a fazer tudo o que podem para travar a ‘grande mentira’, para que a história não se repita”, rematou.