Em condições normais, um jogo entre Brighton e Liverpool na presente temporada, sem ser um dérbi ou um qualquer clássico, tinha todos os ingredientes para se tornar num dos encontros mais aguardados para todos os amantes de futebol. De um lado estava uma formação de Roberto De Zerbi que faz autênticos tratados de futebol sem necessitar de ter as principais estrelas da Premier League (embora o último mercado tenha feito chegar nomes como Ansu Fati), do outro um conjunto de Jürgen Klopp que se reinventou mais uma vez com uma marca de tração à frente que coloca Mac Allister e Szoboszlai num meio-campo que distribui jogo para quatro avançados. No entanto, por diferentes razões, este jogo tornara-se diferente pelo contexto.

Depois da vitória “esmagadora” em Old Trafford frente ao Manchester United, com o segundo golo de Pascal Gross que concluiu uma jogada de troca de bola durante mais de 30 segundos a variar corredores sem que os red devils conseguissem sequer perceber o que se passava em campo, o Brighton chegou aos quatro triunfos nas cinco jornadas iniciais da Premier League. Depois, veio o eclipse: uma vitória em cinco encontros, a goleada sofrida frente ao Aston Villa por 6-1, apenas um ponto nas duas partidas iniciais da Liga Europa. O que esteticamente ninguém coloca em causa mudava de figura perante a falta de resultados e era contra o Liverpool que surgia uma oportunidade de redenção numa fase mais atribulada a vários níveis da temporada.

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Já o Liverpool, que durante a semana voltou a ganhar para a Liga Europa frente ao Union Saint-Gilloise em Anfield, voltava à Premier League depois de uma polémica derrota com o Tottenham no último lance dos descontos e quando estava reduzido a nove por expulsão de Curtis Jones e Diogo Jota que teve uma jogada assumida pela própria Federação onde Luis Díaz viu um golo mal anulado pelo VAR que poderia ter mudado a história do jogo (e colocado até os reds no topo da classificação, pela desaire do Manchester City frente ao Wolverhampton) e que levou a que todos os protocolos da arbitragem fossem de novo revistos.

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“O áudio não mudou nada porque eu não estava muito interessado na razão de as coisas terem acontecido, eu já sabia porque vi o desfecho e vi o golo que marcámos. Não contou mas eu não estava à espera de um áudio e um comunicado para saber o que tinha acontecido. Eu penso que o único desfecho deve ser uma repetição, apesar de que isso provavelmente não vá acontecer”, apontou Klopp, sabendo que o pedido só muito dificilmente poderia ser cumprido mas abrindo ainda mais a polémica em torno do lance. E era nesse contexto que chegava o encontro fora com o Brighton, que antecedia um escaldante Arsenal-Manchester City que se realizaria umas horas depois e com o Tottenham à condição na liderança da Premier League. No final, ninguém ficou satisfeito com o empate a dois mas com o Liverpool a poder queixar-se apenas de si próprio.

A partida começou de forma movimentada mas sem grandes oportunidades, que acabaram por surgir mais pela exploração de erros contrários do que propriamente pela potenciação dos argumentos ofensivos que as duas equipas mostram. Foi assim que Adingra, jovem que na última temporada esteve emprestado ao Union Saint-Gilloise, conseguiu colocar-se entre um passe de Alisson para Mac Allister e atirou de longe para o 1-0 (20′). Foi assim que Baleba, médio de 19 anos contratado ao Lille, aproveitou o espaço no corredor central para ficar perto de aumentar a vantagem. Foi assim que Salah, numa jogada que passou por todos os homens da frente do Liverpool até à assistência da Darwin Núñez, fez o empate na área descaído sobre a direita (40′). Foi assim que o mesmo Salah, numa grande penalidade “conquistada” por Szoboszlai a pressionar na área contrária Pascal Gross, conseguiu bisar e fez a reviravolta ainda antes do intervalo (45+1′).

Ficava tudo em aberto para o segundo tempo, que começou com mais uma ameaça de Adringa para grande defesa de Alisson a fazer a “mancha” e um desvio à trave de Ryan Gravenberch após cruzamento de Salah sozinho na área. O Liverpool tentava controlar a partida sem conseguir “acabar” com o filme final e foi o Brighton a ser mais feliz com esse adormecimento, aproveitando um livre lateral na esquerda do ataque para colocar Lewis Dunk a desviar de primeira entre os centrais para o empate (78′) antes de João Pedro falhar sozinho mais uma reviravolta no encontro (84′). Até ao final, ambos os conjuntos ainda teriam aproximações com perigo mas não mais o resultado voltaria a mexer e ninguém saiu a sorrir no outro “jogo grande”.