O investigador Carlos Fiolhais, diretor da coleção Ciência Aberta da editora Gradiva, lamentou esta sexta-feira a morte de Hubert Reeves, “o poeta do espaço”, assegurando que o cientista continuará “a falar sabiamente”, através dos seus livros.

O físico, professor universitário e ensaísta Carlos Fiolhais é citado no comunicado da editora Gravida, que publica em Portugal o autor de “Um Pouco Mais de Azul”, e cuja morte “lamenta profundamente”.

O astrofísico franco-canadiano Hubert Reeves, conhecido pelo seu trabalho de divulgação de ciência e do cosmos, morreu esta sexta-feira aos 91 anos em Paris, anunciou o seu filho na rede social Facebook.

Carlos Fiolhais afirma que Reeves “voltou para as estrelas de onde tinha vindo”. E acrescenta: “Nós, que aprendemos com ele e com Carl Sagan [autor de ‘Cosmos’] que vínhamos das estrelas, temos de arranjar tempo para ler ou reler os seus livros. Se o fizermos, ouviremos Reeves a falar sabiamente para nós. É um autor verdadeiramente encantado pelo mundo que nos ajudou e vai continuar a ajudar a descobrir o extraordinário planeta onde vivemos.”

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Responsável pela coleção que editou em Portugal os livros de Hubert Reeves, Carlos Fiolhais recorda que “Um Pouco Mais de Azul” “foi um dos maiores êxitos da colecção Ciência Aberta da Gradiva”, que tem “a honra de dirigir”.

Os homens, tal como as estrelas, nascem, vivem e morrem. Morreu Hubert Reeves, o cientista que era poeta do espaço“, continuará porém “presente através dos seus livros”, afirma Fiolhais.

A editora Gradiva, por seu lado, recorda Hubert Reeves como “um dos autores fundadores da Colecção Ciência Aberta”.

Conhecido como o poeta as estrelas, Reeves apaixonou gerações de leitores com os seus livros sobre o espaço que refletiam afinal a sua visão apaixonada pelo planeta e o cosmos”, escreve a editora portuguesa, lembrando que o autor “dedicou os seus últimos anos de vida à sensibilização ativa para os perigos da destruição da biodiversidade e do equilíbrio do planeta Terra”.

Sobre esse tema Reeves “alicerçou as suas últimas obras”, das quais a Gradiva destaca “o extraordinário ‘Onde Cresce o Perigo Surge Também a Salvação’, título que foi buscar a um verso do poeta alemão Friedrich Hölderlin.”

É um dia manifestamente triste para a Gradiva”, escreve a editora. “Poder publicar e dar a ler” as obras de Reeves, “e manter vivo o seu pensamento e sua visão acerca do universo, é a forma que temos de comungar do seu encantamento com o que nos rodeia”.

A editora portuguesa conclui: “Participar ativamente da proteção deste delicado equilíbrio que possibilita a existência de todas espécies, onde a nossa se inclui, será materializar o alerta que nos deixou”.

Hubert Reeves foi um célebre contador de histórias sobre o Universo, a paixão da sua vida, mas também um dos mais impactantes defensores do ambiente.

Nascido em Montreal em 13 de julho de 1932, o cientista trabalhou na agência espacial dos Estados Unidos (NASA) na década de 1960 e foi professor na Bélgica antes de seguir para França, onde se tornou diretor de investigação do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) e conselheiro da Comissão de Energia Atómica (CEA).

Hubert Reeves herdou o talento de contador de histórias da avó materna, Charlotte Tourangeau, tendo editado em 1981 o livro “Um Pouco Mais de Azul”, sobre história do Universo.

O sucesso do livro superou todas as expectativas e o académico iniciou uma segunda carreira como divulgador da ciência e do cosmos.

Entre os seus muitos livros, destacam-se “Poeiras de Estrelas” (1984) e “A Hora do Deslumbramento” (1986), que em Portugal são editados pela Gradiva.