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Com mais de 50% dos votos contabilizados, o Partido Lei e Justiça (PiS, sigla em polaco) está a frente, com 38,4%, na contagem dos votos nas eleições parlamentares na Polónia. Contudo, o partido conservador, liderado por Jarosław Kaczyński, não deverá conseguir atingir a maioria de deputados na Sejm, a câmara baixa do parlamento polaco, mesmo contando a Confederação, uma união de partidos de extrema-direita, que reúne, até ao momento, 7,34% dos votos.

Em segundo, está a Plataforma Cívica (27,8%), de centro-direita, seguido da coligação Terceira Via (14,37%), de centro, e da Esquerda (8,23%). Estes três partidos já adiantaram que vão formar uma coligação — e deverão conseguir os deputados suficientes para uma solução governativa. No domingo, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro e antigo presidente do Conselho Europeu, que lidera a segunda força política mais votada, reclamou vitória. “Hoje podemos dizer que é o fim de um tempo. É o fim da liderança do PiS. Nunca estive tão feliz. A Polónia venceu, a democracia venceu. Tirámo-los do poder.”

“Vamos monitorizar as eleições durante esta noite. Ninguém nos vai roubar estas eleições”, afirmou Donald Tusk, que garantiu que escrutinará todos os votos. “Vamos criar um novo e governo democrático bom com os nossos parceiros num futuro próximo. Polónia ganhaste, tu ganhaste”, prosseguiu Donald Tusk, que já foi primeiro-ministro.

Por sua vez, o líder do PiS, Jarosław Kaczyński, saudou o facto de esta ser “a quarta vitória” do partido nas eleições parlamentares. “É um grande sucesso para a nossa formação e para o nosso projeto para a Polónia. A questão ainda se mantém — se seremos capazes de formar um novo governo. E ainda não sabemos”, sinalizou aquele que é o vice-primeiro-ministro polaco.

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“Devemos ter esperança e saber que, independentemente de quem esteja no poder ou na oposição, nós vamos implementar o nosso projeto de diferentes maneiras”, indicou Jarosław Kaczyński, referindo que o PiS não vai “deixar” que a Polónia “seja traída”.

As projeções à boca das urnas, divulgadas no domingo, apontam que o PiS conseguirá eleger 200 deputados, ao passo que a Plataforma Cívica 163. A Terceira Via deverá ter 55 parlamentares e a Esquerda 30, enquanto a Confederação 12.

Feitas as contas, uma ‘geringonça’ entre a Plataforma Cívica, a Terceira Via e a Esquerda conseguiria 248 deputados — o suficiente para alcançarem a maioria de 231 necessária para governar. Por sua vez, o PiS e a Confederação não vão além dos 212.

Referendo não foi vinculativo — apenas 40% da população votou

A par das eleições legislativas, teve lugar um referendo com quatro perguntas: uma incidia sob a venda de empresas estatais a entidades estrangeiras; outra sobre o aumento da idade de reforma para 67; a terceira sobre o fim das barreiras na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia; e a última em relação à admissão de migrantes do Médio Oriente e de África de acordo com a “burocracia europeia”.

Nas quatro perguntas, os votantes polacos rejeitaram de forma avassaladora a venda de empresas a entidades estrangeiras (97,5%), o aumento da idade de reforma (96%), o fim das barreiras na fronteira (97,8%) e a questão dos migrantes (98,6%).

As perguntas expressas no boletim de voto do referendo eram seguintes:

  1. “Apoia a venda de ativos estatais a entidades estrangeiras, levando à perda de controlo de setores estratégicos da economia?”
  2. “Apoia o aumento da idade de reforma, incluindo a restauração do aumento da idade da reforma dos 67 para homens e mulheres?”
  3. “Apoia ao fim da barreiras na fronteira entre a República da Polónia e da República da Bielorrússia?”
  4. “Apoia a admissão de milhares de migrantes ilegais do Médio Oriente e de África, de acordo com com o mecanismo de relocalização forçada imposto pela burocracia europeia?”

Mesmo assim, apenas 40% dos eleitores votaram nas quatro perguntas. Para um referendo ser vinculativo na Polónia, pelo menos 50% da população tem de votar. Durante a campanha eleitoral, a oposição, liderada pela Plataforma Cívica, deixou duras críticas ao referendo e apelou ao seu boicote, devido à maneira como as perguntas estavam formuladas.

PiS tenta seduzir terceira força política mais votada

Nas últimas horas, têm-se multiplicado as declarações sobre o futuro pós-eleitoral, bem como os esforços para formar uma coligação. O PiS não deitou a toalha ao chão e tenta agora seduzir a Terceira Via. Segundo apurou o jornal polaco Gazeta Wyborcza, o Partido Lei e Justiça vai tentar cativar a terceira força mais votada — e até pode oferecer-lhe o cargo de primeiro-ministro.

No entanto, o Terceira Via, uma coligação formada por dois partidos (a Polónia 2050 e a Coligação Polaca), já veio rejeitar essa possibilidade. “Parem de brincar”, disse Miłosz Motyka, o porta-voz da força partidária. “Durante oito anos, [os membros do PIS] tentaram destruir-nos, destruíram outros partidos democráticos, chamaram-nos nomes, fizeram tudo para nos rebaixar. E agora falam de coligação? Estão a confundir tudo”, atirou.

Por seu turno, o Presidente polaco, Andrzej Duda, admitiu que poderá deixar que a Plataforma Cívica formar governo. “Até ao momento, é normal que o partido que teve o maior número de deputados possa designar o primeiro-ministro. A situação, desta vez, pode ser complicada”, reconheceu Paweł Szrot, chefe de gabinete da presidência polaca. Mesmo assim, o PiS tem insistido que quer tentar formar governo.

Artigo atualizado às 12h13 de dia 16 de outubro de 2023