Para se tornarem uma alternativa cada vez mais viável aos veículos convencionais com motores de combustão, os automóveis eléctricos necessitam de frequentes evoluções tecnológicas. A indústria aguarda há muito as baterias sólidas, mas como nunca mais chegam, o melhor é fazer evoluir as actuais de iões de lítio, para que reduzam o preço, aumentem a densidade energética e, por tabela, a autonomia. E é precisamente isto, mas não só, que as novas células 4680 (cilíndricas com 46 mm de diâmetro e 80 mm de altura) prometem.

As células 4680 foram apresentadas no Battery Day da Tesla em 2020, mas depois de provar o seu valor em testes laboratoriais, durante estes últimos três anos tem sido impossível passar à produção em grande série destas células cilíndricas. Até agora, uma vez que a Tesla anunciou em Junho que já tinha conseguido produzir 10 milhões de unidades, para três meses e meio depois revelar que a fasquia dos 20 milhões também já ficou para trás.

Não faltaram especialistas que fizessem umas contas rápidas. O incremento de 10 milhões de 4680 fabricadas em 16 semanas, partindo do princípio que de início o ritmo era inferior ao do final do período, leva a estimar que a produção rondará de momento 800.000 células por semana e com tendência para continuar a aumentar. Como este tipo de célula foi anunciado pelo fabricante como tendo uma amperagem de 26 A/h, com uma voltagem de 3,7 V, tal aponta para uma capacidade de quase 100 Wh por célula, ou seja, 80 MWh por semana.

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Com o nível de produção actual, a Tesla consegue fabricar mais de 4 GWh de células por ano, o que assegura as necessidades momentâneas da marca para a Cybertruck e para o Semi. Estes dois projectos estão já na fase de acelerar o ritmo de produção, mas o construtor tem por objectivo atingir rapidamente 100 GWh/ano, para acomodar não só os quatro modelos que tem no mercado, os S3XY, como também o Semi e a Cybertruck, a que se vai juntar em breve aquele que é conhecido como Model 2, denominação que não é oficial.

As células 4680 são 5,5 vezes maiores (em volume) do que as 2170 utilizadas pela Tesla em todos os seus modelos em produção, possuindo uma densidade energética cinco vezes superior (energia armazenada por volume ou peso), assegurando ainda 16% mais de autonomia. Mas estas células cilíndricas maiores recorrem a um novo princípio de produção, o que lhes permite aceitar (sem aquecer) cargas mais rápidas a potências superiores. Contudo, para as conseguir fabricar em série e ultrapassar os estrangulamentos da linha de produção que atrasaram todo o processo, a Tesla teve que recorrer a outros fabricantes, entre sul-coreanos e chineses, além do japonês Panasonic, o seu parceiro técnico original para a fase de arranque da fabricação de acumuladores. O tempo que mediar até ao anúncio do ultrapassar a fasquia dos 30 milhões permitirá confirmar se o incremento do ritmo de produção está a evoluir conforme o desejado.