Foi uma notícia que passou um pouco ao lado daquilo que são os grandes temas da atualidade no desporto, promete ser “a” próxima notícia a abalar os principais alicerces onde assenta nesta fase a prática desportiva: de acordo com o El Confidencial, a Comissão Europeia “decretou guerra” aos microplásticos e, naquela que é uma das principais medidas nessa luta, quer acabar de vez com a purpurina por ser um produto lesivo para o meio ambiente. Questão? Segundo os estudos apresentados, uma das maiores fontes de libertação do produto são os campos de relva artificial. E são esses que, nos atuais moldes, têm os dias contados.

A ideia da Comissão Europeia passa por acabar com todos os campos de relvado artificial com recurso a este produto nos próximos oito anos, uma janela temporalmente grande mas que se torna pequena para fazer a transição tendo em conta que a esmagadora maioria dos campos de futebol sem relva natural fazem recurso à purpurina. O material que é feito de pneus reciclados é o “alvo” da Comissão Europeia pelos efeitos nocivos que terá no meio ambiente, sendo que a medida é tomada com urgência tendo em conta a proliferação de recintos com estes compostos. Ou seja, tendo em conta os custos de manutenção de campos com relva natural e os cuidados que campos pelados também exigem, a aposta em campos artificiais foi crescente e acaba por ter um peso grande na malha de infraestruturas nacionais, com Portugal a não ser exceção.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A título de exemplo, e depois de algumas experiências que foram sendo feitas, há sete temporadas que nas ligas profissionais (os dois primeiros escalões) estão proibidos quaisquer recintos que não tenham relvado natural mas a maioria dos clubes amadores tem nesta altura campos artificiais, agora com os dias contados. Noutros países, como no Brasil, essa regra não existe. O Palmeiras, do português Abel Ferreira, tem no seu Allianz Parque um relvado artificial de última geração homologado pela FIFA por ser “quase natural”.

Em Espanha, o El Confidencial explica que existem nesta fase mais de 10.000 campos de futebol com relva sintética, sendo que por ano são construídos ou renovados 400, sendo que esses recintos são também usados para treinos e jogos de râguebi ou hóquei em campo. As soluções alternativas já se encontram em estudo, até porque os estudos apresentados pela Comissão Europeia têm uma evidência demasiado grande para qualquer recuo sobre o tema, com um grupo de investigação da Universidade de Castilha a desenvolver trabalhos para testar possíveis componentes que possam retirar dos relvados artificiais esses produtos feitos com pneu reciclado, sendo que existem variáveis também em consideração de forma inevitável como o preço.

A publicação espanhola avança que em San Pedro del Pinatar, em Múrcia, está a ser testado um material de plástico reciclado de estufa que é tratado de uma forma que “substituiu o enchimento anterior”. Em Castilha os especialistas apontam também para a possibilidade de substituir a purpurina pela cortiça, que surge como uma opção já existente, mas o desempenho não tem sido o melhor pela falta de produção, tal como acontece com a madeira triturada ou o caroço da azeitona. Para uma das fontes ouvidas, que trabalha na Universidade da região, a melhor solução passará pela junção de materiais naturais com sintéticos ou bioplásticos. No entanto, parece longe uma opção nesta fase que permita entroncar numa solução “rápida”.