Um dia após ter sido anunciado o boicote de Israel à Web Summit de Lisboa deste ano, Paddy Cosgrave, principal rosto da cimeira tecnológica, afirma que vendeu “mais bilhetes do que em qualquer outra segunda-feira de 2023”.
É na rede social X que o CEO da Web Summit, além de escrever sobre o alegado aumento de vendas de bilhetes, declara que nas últimas 24 horas, ao passo que “nove investidores cancelaram, 35 novos investidores registaram-se” no evento. Dois meios de comunicação também cancelaram presença, mas “mais de 50 solicitaram passes de imprensa”. A nacionalidade dos investidores e dos media não é especificada.
.@amitkarp is a respected tech investor. But because he claims I “support the beheading of babies” he will never attend Web Summit. An utter lie & extreme over reaction to my perfectly reasonable & humane statement:
“War crimes are war crimes even when committed by allies”
My… pic.twitter.com/hsAXJcrwuM
— Paddy Cosgrave (@paddycosgrave) October 17, 2023
O post de Paddy Cosgrave desta terça-feira de manhã começa com uma resposta a Amit Karp, investidor tecnológico israelita que afirmou que nunca mais vai participar na Web Summit e que o acusou de apoiar a “decapitação de bebés”. O empresário irlandês refuta as acusações, que classifica como “mentira absoluta”, e declara que tem sido “inundado com mensagens incríveis de apoio de Israel e de todo o mundo”.
Por isso, junto à publicação no X colocou capturas de ecrã de algumas dessas mensagens que, por exemplo, agradecem a sua “posição corajosa” na defesa “dos direitos de todos os humanos”. “Vozes como a tua são desesperadamente necessárias no mundo atual. Sabe que a maioria silenciosa está contigo”, lê-se numa mensagem, que é assinada por um venture capitalist de Toronto, Canadá, cujo nome não é divulgado.
O fundador da Web Summit — que volta a dizer que “os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados” — termina a publicação dizendo que “tentar cancelar uma reunião verdadeiramente global que sempre representou a paz e a prosperidade não é apenas ingénuo, é contraproducente”. “Assim como recorrer à divulgação de falsidades perigosas sobre o que eu disse ou defendo”, acrescenta.
Foi esta segunda-feira que o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, anunciou que comunicou ao autarca de Lisboa, Carlos Moedas, que o país não vai participar na Web Summit que se realiza entre 13 e 16 de novembro. Ao início da tarde desse dia, eram seis os oradores israelitas que tinham presença confirmada no evento. Agora, restam apenas dois: Moshiel Biton, cofundador e CEO da Addionics, e Luiza Jarovsky, CEO da Implement Privacy.
Israel fora da Web Summit devido a “declarações ultrajantes” de Paddy Cosgrave sobre o conflito
Entretanto, a Web Summit publicou, esta terça-feira, um comunicado assinado por Paddy Cosgrave, onde, uma vez mais, são apresentadas desculpas àqueles que ficaram “magoados” com as declarações proferidas, pela primeira vez, há cerca de quatro dias. O empresário esclarece que, tal como o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pretendia “exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional”.
“Condeno, sem reservas, o repugnante e monstruoso ataque do Hamas de 7 de outubro. Apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas neste e noutros conflitos”, afirma Paddy Cosgrave, que relembra que a Web Summit tem “uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas”. “Lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que eu disse. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz.”
Notícia atualizada às 13h58 para incluir o comunicado partilhado pela Web Summit