Não, não e não. Depois de ter sido arrolado como suspeito ao caso Negreira, à semelhança do que acontecera com outros ex-presidentes e dirigentes do Barcelona além do próprio clube enquanto pessoa coletiva, Joan Laporta aproveitou a oportunidade de uma entrevista à Els Matíns da Catalunya Ràdio para desmentir não só essas acusações mas também outras de que foi alvo nos últimos dias, nomeadamente que tenha entregue na polícia documentos que levaram depois à detenção e prisão efetiva do antigo líder Sandro Rosell.

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“Ninguém me disse nada sobre isso, ninguém me ligou e também não viram as minhas chamadas. Enviei uma mensagem de áudio por outro tema, as declarações do senhor Villarejo. Tudo o que disse não é correto e já apresentei um pedido para que se retrate porque, caso contrário, irei interpor uma queixa crime. O que diz não é verdade, é uma grande mentira. Contactos com Rosell? Isto é para resolver como adultos. É mentira e ele sabe, não vou nesses circos do senhor Villarejo. Virei a página e já lhe perguntei quando podemos comer em minha casa após sair da prisão. Já fiz o reset e continuamos a falar”, começou por dizer, depois de Jose Manuel Villarejo, antigo comissário da polícia, ter acusado Laporta de “ajudar” à detenção de Rosell.

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“Há uma campanha orquestrada para desestabilizar o Barcelona. Uma campanha feroz e sem precedentes. Há um madridismo sociológico que tem muita força. Lutamos contra esse madridismo sociológico, eles têm mesmo que se possam repetir os êxitos do passado. Agora está à frente do clube o mesmo presidente do melhor Barça da história. A mim, aquilo que interessa é que o Barça volte a ser o melhor da história. Quanto mais luto pelo Barça, mais quero lutar. Não aponto concretamente a Florentino Pérez mas ali em Madrid há um poder, rodeado dos meios políticos. A maioria dos que tiveram poder foram do Real Madrid, há que aceitar isso com naturalidade”, comentou depois, a propósito de todas as notícias em tornos dos culé.

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“Esse madridismo sociológico sofreu muito durante a minha primeira etapa no Barcelona porque ganhámos muito. Agora a história repete-se porque cada vez estamos melhor a todos os níveis, no plano económico e institucional. Aproveitaram o caso Negreira para sujar o nome do Barça e não podemos permitir isso. Esse madridismo sociológico existe, está também amparado em alguns meios de comunicação, alguns ambientes políticos e certas partes do Desporto. Cada um pode ser do clube que quiser mas nós, como barcelonistas, devemos saber isso e competir como já fazemos, a ganhar”, acrescentou sobre o mesmo tema.

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Laporta abordou também o caso Negreira, voltando a garantir que o Barcelona será absolvido de tudo entre críticas a Joaquín Aguirre. “Conhecendo a história desse juiz, já estávamos avisados pela nossa defesa de que poderia acabar assim, comigo a ser investigado, mas não há qualquer delito de suborno nem de delito continuado. A estratégia do juiz acaba por ser até contrária aos critérios do Ministério Público, que já deixou claro que classificava o caso como corrupção desportiva e administração desleal mas nunca suborno. É muito estranho de um juiz de instrução de dedique a classificar acontecimentos quando isso faz parte daquela que é a missão do Ministério Público e que se mostra contrária à tese de suborno”, salientou.

“Os sócios do Barcelona podem estar tranquilos porque este caso vai acabar, como muitos outros que foram feitos por este juiz de instrução, com o despacho de arquivamento. A massa adepta do Barcelona pode estar tranquila e eu como jurista estou também tranquilo e convencido que o assunto não passará daqui. Desde o ponto de vista técnico à parte jurídica, não há qualquer tipo de suborno porque o senhor Enríquez Martínez não era um funcionário público. Também não é um delito continuado porque prescreveu. Estou sereno, estou forte e estou carregado de argumentos para defender o Barcelona”, concluiu sobre o assunto.

Por fim, Joan Laporta falou mais da parte desportiva e dos dois portugueses no atual plantel, João Félix e João Cancelo, sendo que essa parte chegou depois ao Mundial… e de novo às críticas ao “apoio” que é feito ao Real Madrid. “Se os Joãos continuam assim, temos de fazer o esforço para contratá-los mas isso depende do Deco. Gosto muito do João Félix, há muito tempo, e tudo o que me perguntem por ele será sempre bom. O nosso objetivo passa por ganhar a Liga e estou encantado por ter o Xavi como treinador de um plantel com jogadores muito bons. Mundial de 2030? Sim, pedimos para ser sede do Mundial, acreditamos que vamos no mínimo ter uma meia-final mas gostaria de ter a final. Temos um estádio com maior capacidade mas sei que aí voltaremos a chocar com o madridismo sociológico e deve ir para o Santiago Bernabéu. Nós vamos pedir a final mas não sei se conseguiremos esse objetivo”, explicou o presidente dos catalães.