Um estudo realizado pelo Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) indica que o consumo de sarcocórnia (planta da costa portuguesa semelhante à salicórnia) pode diminuir riscos cardiovasculares, foi esta sexta-feira divulgado.
A utilização da sarcocórnia como alternativa ao sal pode ter “um impacto positivo na regulação do sistema cardiovascular”, refere um estudo realizado entre a Escola Superior de Tecnologia da Saúde (ESTeSC) e a Escola Superior Agrária (ESAC) e publicado na revista Foods, afirmou esta sexta-feira o IPC, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
“A investigação aponta para uma diminuição da pressão arterial (pressão sistólica e diastólica) e da velocidade da onda de pulso arterial (um dos principais marcadores de risco cardiovascular), acompanhada de uma diminuição significativa dos níveis de excreção de sódio através da urina, após 30 dias de consumo regular de sarcocórnia em substituição do sal”, salienta.
O estudo reuniu uma amostra de 30 participantes (jovens saudáveis entre os 18 e os 26 anos), divididos em dois grupos.
Um dos grupos recebeu 1.000 gramas de sal de sarcocórnia para utilizar na confeção das suas refeições, enquanto o outro grupo (de controlo) recebeu a mesma quantidade de sal comum, explica o Politécnico.
De acordo com a nota de imprensa, os dois grupos “realizaram exames de diagnóstico (medição da pressão arterial, avaliação da velocidade da onda de pulso, análise da onda de pulso, ultrassonografia cardíaca e análises sanguíneas e de urina) antes do período de intervenção, não se registando diferenças significativas relativamente aos resultados obtidos por todos os participantes”.
No entanto, após 30 dias de utilização de sarcocórnia, o grupo de intervenção “registou uma redução nos níveis de excreção de sódio através da urina, acompanhada de uma diminuição significativa da pressão sistólica e diastólica e da velocidade da onda de pulso arterial”.
Já no grupo de controlo, os resultados mantiveram-se inalterados face aos primeiros exames, acrescentou.
“As doenças cardiovasculares constituem uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo e a ingestão excessiva de sal está fortemente associada a níveis elevados de pressão arterial, a disfunção vascular e a um incremento substancial no risco de doenças cardiovasculares”, afirmou Telmo Pereira, docente da ESTeSC e investigador responsável pelo estudo, citado na nota de imprensa do IPC.
Segundo o investigador, a sarcocórnia, “por ter um sabor salgado e ser rica em minerais como cálcio, ferro e também magnésio e potássio (que favorecem a excreção salina)”, pode assumir-se como “uma excelente alternativa ao sal comum”.
Os resultados agora partilhados resultam ainda de um ensaio piloto, sendo necessário “estudar outros contextos clínicos, nomeadamente crianças e adultos com fatores de risco como diabetes ou colesterol, e populações mais alargadas e com tempos de seguimento mais longos”, aclarou Telmo Pereira.