As ruínas de uma segunda mesquita do ribat islâmico, datável dos séculos XI e XII, foram identificadas e escavadas no sítio arqueológico do Alto da Vigia, junto à Praia das Maçãs, informou esta terça-feira a Câmara de Sintra.

Em comunicado, a autarquia revelou que continuam “os trabalhos de investigação no sítio arqueológico do Alto da Vigia, junto à Praia das Maçãs, tendo agora identificado e escavado as ruínas de uma segunda mesquita do ribat islâmico datável dos séculos XI e XII”.

Este lugar seria simultaneamente de oração e de vigilância da costa face ao risco de ataque, nomeadamente por parte das forças cristãs”, lê-se na nota.

De acordo com informação a que a Lusa teve acesso, “este achado vem reforçar a importância deste espaço sagrado para o Islão, documentando um tipo de realidade arquitetónica para a qual se conhecem apenas outros dois exemplos em toda a Península Ibérica: um em Aljezur e outro junto a Alicante, em Espanha”.

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A comparação com estes locais leva, pois, a crer que os vestígios agora postos a descoberto em Sintra incluirão numerosas mesquitas numa ampla área ainda por escavar“, salienta-se na informação municipal.

No local tinha já sido identificada uma primeira mesquita, igualmente com o seu característico nicho virado para a cidade sagrada de Meca (mihrab), bem como um edifício sem este oratório.

Na informação camarária destaca-se ainda “a presença de um cemitério com os sepultamentos efetuados segundo os ditames da fé islâmica, além de cerca de uma dezena de cavidades escavadas na rocha destinadas ao armazenamento de alimentos (silos)”.

Os técnicos dos serviços de arqueologia municipais sublinham que, no caso do Alto da Vigia, acresce a particularidade única deste ribat partilhar o espaço com o santuário romano dedicado ao Sol e ao Oceano, de cujas ruínas “reutilizou múltiplos elementos epigráficos e arquitetónicos como material de construção”.

Esta nova descoberta não enriquece apenas a nossa compreensão sobre Sintra, mas vem fortalecer o nosso compromisso com a preservação e valorização do património cultural do concelho”, afirmou, citado na nota, o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta (PS).

Os trabalhos da equipa dos serviços do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (MASMO) contaram com a colaboração de voluntários e de estudantes dos cursos de arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A Câmara de Sintra encontra-se a promover um projeto de valorização e musealização dos vestígios já postos a descoberto, estando prevista a continuidade dos trabalhos no Alto da Vigia através do desenvolvimento de um novo projeto de investigação.