No início de setembro, ainda antes do arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões, Rui Costa, líder do Benfica que como jogador foi campeão europeu pelo AC Milan, admitiu que a Champions não podia ser uma utopia para os encarnados. “Sabemos das dificuldades, vamos ser realistas. Cada vez mais, no modelo atual, é mais difícil chegar a uma final, basta olhar para os grandes colossos financeiros que andam por essa Europa fora e as dificuldades que têm tido em conquistar esse troféu. O Manchester City, que é dos clubes com maior poderio financeiro, ganhou no ano passado a primeira Liga dos Campeões. Por aí se pode ver a dificuldade que é chegar a uma final. Ainda assim, não alimentar este sonho num clube desta dimensão e desta grandeza seria uma estupidez. Cabe-nos diariamente que o Benfica terá que chegar um dia a esse nível”, frisou.

A conversa de Schmidt tornou o filme de terror num drama (a crónica do Real Sociedad-Benfica)

Nessa intervenção no Thinking Football Summit, um evento organizado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional que decorreu no Porto, o presidente dos encarnados elevou a fasquia da ambição mantendo os pés na terra. Ou seja, à luz de duas presenças consecutivas nos quartos da Liga dos Campeões, admitiu que o sonho passava por ir um bocado mais longe até pela forma como, no plano interno, a eliminação com o Inter da última temporada foi mal “digerida” (após um encontro em casa que terminou com a derrota por 2-0 que condicionou e muito a segunda mão). Por isso, a expetativa para a presente época era maior. Por isso, toda a desilusão com o afastamento confirmado foi ainda maior. E os números pioraram o cenário.

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Além de ser uma das duas equipas só com derrotas na presente edição da Liga dos Campeões a par dos belgas do Antuérpia e de ser o pior ataque da prova (um golo em quatro encontros), o Benfica somou o sexto jogo consecutivo sem ganhar após uma série com Roger Schmidt que teve nove partidas sem qualquer derrota. Pior: numa época em que levam uma média de quase um golo sofrido por jogo (16 em 17), os encarnados já têm cinco derrotas, mais uma do que em todos os 55 encontros realizados com o alemão em 2022/23.

“O que correu mal? Quase tudo… Antes de mais, parabéns à Real Sociedad pela vitória mas também pelo apuramento para a próxima fase da Liga dos Campeões. Mereceram. Se analisarmos o jogo, assim como todos os anteriores, não fomos suficientemente bons. Estamos fora da Liga dos Campeões. É muito desapontante. A intensidade com que o adversário jogou, o foco, a união… A Real Sociedad foi melhor que nós em todos esses aspetos. O jogo já estava praticamente decidido ao intervalo. Estamos desapontados, eu em especial. Se a equipa não está preparada para um jogo deste nível, de nível de Champions, acaba por ser responsabilidade minha e temos de pensar sobre a nossa abordagem. Foi uma exibição muito desapontante”, começou por assumir Schmidt após nova derrota diante da formação basca “sentenciada” em meia parte.

“Jogámos muito mal na primeira parte. Sofrermos um golo tão cedo não foi bom para a confiança da equipa, mas também não podemos usar isso como desculpa para o que fizemos aqui. Já mostrámos que conseguimos jogar a este nível, como fizemos o ano passado. Não jogámos com confiança. O adversário mostrou como isso pode fazer a diferença num jogo. Na minha opinião, não estávamos prontos para o jogo e se assim é a responsabilidade é minha. Tenho de preparar os jogadores nos aspetos táticos, no aspeto motivacional, e ao olhar para o desempenho que tivemos hoje fiz um trabalho muito mau”, assumiu o germânico.

“Se a linha de três defesas foi um erro? Não, penso que a nossa abordagem tática não foi o motivo pelo qual perdemos o jogo de hoje. Correu bem nos dois últimos jogos mas claro que hoje tivemos pela frente um adversário diferente, com outra qualidade individual, foi por isso que mudei antes dos 45 minutos. O Florentino tinha um cartão amarelo e precisávamos do João no meio-campo. Mas para mim não foi uma questão tática, mas sim o facto de não estarmos preparados e a diferença entre nós e eles nas coisas mais básicas do futebol”, comentou. Depois, perante uma questão sobre a continuidade em risco em caso de novo insucesso no dérbi com o Sporting, a resposta foi lacónica: “Tu próprio podes responder a isso…”.

“No primeiro jogo as coisas não correram bem, entrámos muito mal na prova. Tínhamos confiança de fazer uma boa Champions mas acaba desta forma. No primeiro jogo as coisas não correram bem, depois na segunda partida era muito difícil, com o Inter, o último finalista da Champions. Fizemos um bom jogo mas acabámos por perder. As coisas não correram bem logo de início. Esse foi o motivo. Nem o Rui [Costa], nem o treinador são os culpados. Somos nós, os jogadores. A responsabilidade é só nossa, dos jogadores. Dérbi? Vamos fazer o que temos feito na Liga, ganhar e fazer as coisas bem. As únicas partidas onde não estivemos bem foi na Champions. Continuamos nas competições em Portugal. Estamos a três pontos do Sporting, se fizermos um bom jogo podemos apanhá-los e temos de pensar isso”, salientou Di María.