A isenção de uma Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) da primeira fase da construção do polémico data center de Sines, por alegada pressão política sobre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), colocou “uma pressão enorme e inaceitável” sobre a agência para, posteriormente, aprovarem o Estudo de Impacte Ambiental relativo às fases seguintes do projeto e darem luz verde à obra, defende o ambientalista Francisco Ferreira, da associação Zero, em declarações ao Observador.

A polémica isenção, que é um dos casos no centro da complexa teia de influências que está a ser investigada no âmbito da Operação “Influencer”, que esta semana levou à demissão de António Costa, permitiu que a obra, levada a cabo pela empresa Start Campus, começasse ainda antes de receber luz verde ambiental, apesar de se situar numa região bastante sensível do ponto de vista ambiental, onde existem habitats protegidos (incluindo ao abrigo de projetos de financiamento comunitário).

Na opinião de Francisco Ferreira, a isenção de AIA em relação à primeira fase, permitindo o início da obra, transformou o projeto num facto consumado que, já depois do início dos trabalhos, seria quase impossível chumbar. “Imagine que eu tenho de fazer um complexo de seis edifícios. Posso fazer os primeiros dois, mas depois para os outros preciso de um Estudo de Impacte Ambiental. É como se começasse a fazer uma estrada e precisasse de um estudo, mas começo a fazê-la antes do estudo”, compara o ambientalista. “Isto retira margem para um chumbo.”

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