O Prémio Maria de Sousa, destinado a jovens cientistas na área da saúde, distingue em 2023 trabalhos de investigação sobre lúpus, cancro gástrico, ‘stress’ crónico, doença de Alzheimer e restrição do crescimento fetal, foi esta quarta-feira anunciado.

Os cinco premiados da terceira edição — que vão receber 30 mil euros cada — são Inês Alves, João Neto (ambos do i3S — Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto), Nuno Dinis Alves, Sara Calafate (ambos do ICVS — Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho) e Catarina Palma dos Reis (Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa).

O prémio, instituído em homenagem à imunologista Maria de Sousa, que morreu em 2020, é promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação Bial, que divulgaram em comunicado os galardoados.

Prémio Maria de Sousa 2022 distingue investigação sobre cancro e doenças neurodegenerativas

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A investigadora Inês Alves, do i3S, propõe-se “criar novas formas de diagnosticar e prever” a gravidade do lúpus (doença autoimune que provoca lesões na pele) em cada pessoa, “permitindo otimizar as estratégias de tratamento” e “evitar os sintomas agressivos”.

O seu trabalho pretende esclarecer se os doentes com lúpus produzem anticorpos especiais (contra os açúcares anómalos no rim) que “estarão envolvidos na perda de tolerância do tecido e dano renal”.

Para tal, Inês Alves procurará identificar a presença desses anticorpos específicos no sangue de doentes, estudar as células B (células do sistema imunitário responsáveis pela produção dos anticorpos) e averiguar se esses anticorpos específicos tornam o lúpus mais suscetível e grave.

O cientista João Neto, também do i3S, vai estudar novas terapias combinadas com medicamentos para melhorar o prognóstico de doentes com cancro gástrico que não respondem ou ganham resistência aos tratamentos convencionais, no caso anticorpos monoclonais (produzidos artificialmente) para inibir a produção da proteína HER2 nas células cancerosas e impedir o crescimento destas células.

Nuno Dinis Alves, investigador do ICVS, irá dirigir o seu trabalho para a identificação dos mecanismos envolvidos nas disfunções cognitivas de doentes com perturbações mentais associadas a ‘stress’ crónico, enquanto Sara Calafate, também do ICVS, vai centrar-se no estudo das alterações fisiológicas do cérebro que desregulam a sua atividade e podem explicar as falhas cognitivas sintomáticas da doença de Alzheimer e a sua progressão.

A investigadora Catarina Palma dos Reis, da Maternidade Alfredo da Costa, espera com o seu projeto obter os marcadores biológicos da restrição do crescimento fetal e contribuir para o diagnóstico da doença, que, devido ao mau funcionamentos da placenta, leva a que o feto não receba oxigénio e os nutrientes de que necessita, ficando em risco de morrer no útero, crescer com o tamanho desadequado ou ter sequelas neurológicas e cardiovasculares, entre outras.

Os vencedores da terceira edição do Prémio Maria de Sousa foram selecionados por um júri presidido novamente pelo neurocientista Rui Costa.

A iniciativa, financiada pela Fundação Bial (ligada à farmacêutica Bial), visa apoiar cientistas portugueses até aos 35 anos com projetos de investigação na área das ciências da saúde e inclui um estágio num centro de investigação internacional considerado de excelência. A Ordem dos Médicos, juntamente com a Fundação Bial, indica os elementos do júri.