O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou, esta segunda-feira, a “falta de liderança” dos países face à crise climática, após um novo relatório mostrar o quão difícil será reduzir as emissões poluentes sem um impulso radical para a transição energética.
O novo relatório anual publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mostra que, se não forem feitas mudanças, até 2030 o mundo produzirá 22 gigatoneladas de gases poluentes a mais do que os permitidos pelo Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus.
“As tendências atuais estão a levar o nosso planeta a um beco sem saída de três graus de aumento”, disse Guterres numa conferência de imprensa para apresentar o relatório na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O ex-primeiro-ministro português lembrou que, só este ano, foram registados os meses mais quentes de junho, julho, agosto, setembro e outubro de que se tem registo.
Tudo isto é uma falta de liderança, uma traição aos vulneráveis e uma enorme oportunidade perdida”, lamentou Guterres.
No entanto, o secretário-geral quis lembrar que ainda é possível atingir o objetivo do Acordo de Paris, mas que para isso é fundamental eliminar os combustíveis fósseis, “a raiz envenenada da crise climática”.
O planeta já está pelo menos 1,1 graus mais quente do que há 150 anos, mas, a partir dos 1,5 graus, a maioria dos cientistas estima que ocorrerão desastres ambientais – como ondas de calor extremo ou inundações – de forma muito mais intensa e com maior regularidade.
Segundo o relatório apresentado, esta segunda-feira, com as medidas atuais o planeta caminha para um aumento de temperatura entre os 2,5°C e os 2,9 °C até final do século.
Por esta razão, Guterres apelou mais uma vez aos Governos, e particularmente aos dos países mais ricos e poluentes, a comprometerem-se a dar um impulso decisivo aos seus programas de transição energética que incluam a eliminação total dos combustíveis fósseis, e a financiar investimentos na adaptação para as comunidades mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.
O secretário-geral anunciou ainda que viajará ao Chile, esta segunda-feira, e depois à Antártida, para observar os impactos da crise climática, e que levará essas observações à COP28, que será realizada no Dubai a partir de 30 de novembro.