Gavi percebeu automaticamente o que tinha acontecido. Ainda na primeira parte da receção de Espanha à Geórgia, num jogo que serviu apenas para cumprir calendário porque os espanhóis já estão apurados para o Euro 2024, o médio do Barcelona lesionou-se sozinho logo após dominar a bola no peito. O joelho rodou, o jogador queixou-se, parou e olhou em pânico para o banco de suplentes — e a partir daí não controlou as lágrimas.

Já esta segunda-feira, através de um comunicado oficial, o Barcelona confirmou que Gavi sofreu uma rotura completa do ligamento cruzado anterior do joelho direito, assim como uma lesão associada no menisco, e será operado nos próximos dias. Ou seja, o mais provável é que fique afastado dos relvados durante vários meses e possa ter terminado desde já a temporada. O médio de 19 foi imediatamente substituído e, se dúvidas existissem, a apreensão do banco de Espanha deixou claro que a lesão era preocupante. Já na segunda parte, quando marcou o segundo golo espanhol, Ferran Torres dedicou-o a Gavi e até foi buscar a camisola do colega, voltando a sublinhar a seriedade do problema.

“Parece ser uma lesão grave. Ele está muito preocupado. É a vitória mais amarga da minha vida”, começou por dizer o selecionador Luis de la Fuente na conferência de imprensa depois do jogo. “Estamos à espera dos exames definitivos. Ele agora vai voltar a Barcelona para fazer o resto dos exames. Estamos destruídos, é como se tivéssemos perdido o jogo. O Gavi está destroçado, nunca pensamos que isto pode acontecer-nos. Claro que está triste, estamos todos. É o dia mais difícil da minha carreira, o mais amargo”, explicou o treinador, que estava visivelmente emocionado.

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O internacional espanhol foi visto a chegar ao centro do treinos do Barcelona durante a manhã desta segunda-feira, acompanhado pelo empresário, onde acabou por realizar os derradeiros exames que confirmaram a gravidade da lesão. Num momento em que o futebol espanhol está obviamente consternado, o jornal As indica que o Barcelona está “indignado” com Luis de la Fuente devido à utilização de Gavi a titular num jogo que já não contava para nada e que só servia para cumprir calendário.

Ainda assim, o problema do jovem médio foi apenas mais um dentro da verdadeira onda de lesões que assolou esta janela de compromissos internacionais. Na verdade, Gavi foi o 20.º jogador das principais ligas a lesionar-se no espaço de uma semana ao serviço das seleções e depois de Eduardo Camavinga (Real Madrid), Zaïre-Emery (PSG), Vinícius (Real Madrid), Oyarzabal (Real Sociedad), Ter Stegen (Barcelona), Aïssa Mandi (Villarreal), Muriqi (Maiorca), Ocampos (Sevilha), Haaland (Manchester City), Onana (Manchester United), Rashford (Manchester United), Jarrod Bowen (West Ham), Weston McKennie (Juventus), Bastoni (Inter Milão), Miretti (Inter Milão), Vicario (Tottenham), Eriksen (Manchester United) e Son (Tottenham).

Numa altura em que o calendário está cada vez mais sobrecarregado e em que os jogadores parecem cada vez mais suscetíveis a lesões graves que os afastam dos relvados durante meses, a verdade é que as fases de qualificação europeias para os torneios internacionais vão tornar-se mais curtas já a partir do próximo ano. Já no próximo apuramento, para o Mundial 2026, os grupos serão mais pequenos e existirão menos jornadas: as seleções serão distribuídas por 12 grupos de quatro ou cinco equipas, só os primeiros classificados garantem a qualificação direta e os segundos, assim como os quatro melhores do ranking da Liga das Nações, seguem para o playoff.