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Um premiado escritor palestiniano terá sido detido pelas forças israelitas quando tentava abandonar Gaza. Segundo o jornal The Guardian, Mosab Abu Toha teria recebido autorização prévia para sair do território rumo ao Egipto, mas, de acordo com amigos e familiares, foi detido a meio da travessia num checkpoint pelas autoridades israelitas. O seu paradeiro permanece para já desconhecido.
De acordo com amigos e família, Abu Toha, um conhecido autor de poemas, contos e ensaios para publicações internacionais como o New York Times e a revista New Yorker, tentava há semanas abandonar Gaza. Um dos seus filhos, nascido nos EUA, constava de uma lista prioritária de detentores de cidadania norte–americana, cuja saída da região era permitida – um privilégio que, inicialmente, não foi estendido a Abu Toha nem à sua mulher.
Após semanas de contactos, o autor teria recebido uma garantia por parte das autoridades norte-americanas de que lhe seria permitida a passagem para o Egipto, a si e à sua família. No entanto, este domingo, quando o grupo em que seguia se dirigia na direção de Rafah, o escritor terá sido detido junto com outro cidadão palestiniano num checkpoint das Forças de Defesa de Israel.
O irmão do autor relatou o incidente nas redes sociais. “O exército levou o Mosab quando este chegou ao checkpoint, rumo ao norte a partir do sul, como mandou o exército. A embaixada americana enviou-o e à família para passarem pela travessia de Rafah”, escreveu Hamza Abu Toha, acrescentando que, até ao momento, a família não tinha quaisquer informações sobre a sua condição.
أنا شقيق مصعب، الجيش أخذ مصعب عندما وصل الحاجز مغادرًا من الشمال إلى الجنوب الذي أمر الجيش بالانتقال إليه، زورجته وأولاده دخلوا الجنوب وقام الجيش باعتقال أخي مصعب، ولا ندري عنه شيئًا، مع العلم أن السفارة الأمريكية أرسلت له ولعائلته للسفر عبر معبر رفح، لو أحد من أصدقاء مصعب… pic.twitter.com/a0sDxw6tlo
— حمزة مصطفى أبو توهة (@HamzaAbuToha) November 20, 2023
De acordo com a CNN Internacional, a IDF não revelou respondeu a questões sobre a situação do escritor, com um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA a dizer que Washington não tinha quaisquer informações sobre o caso.
Reagindo à detenção, a associação de internacional de autores PEN International disse estar “profundamente preocupada” com Abu Toha, e exigiu esclarecimentos. “Juntamo-nos às vozes que exigem saber o seu paradeiro e as razões para a sua detenção”, pode ler-se numa publicação da associação na rede social X.
Nas últimas semanas, Abu Toha, que estava no campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, vinha escrevendo crónicas sobre a sua experiência na guerra para a revista New Yorker, retratando as dificuldades passadas debaixo dos bombardeamentos.
“Se não pela guerra, estaria a jogar futebol com os meus amigos duas vezes por semana. Estaria a ver filmes com a minha mulher. Estaria a ler os livros nas minhas prateleiras. Levaria os meus filhos ao parque e à praia. Andaria de bicicleta com o meu filho, Yazzan, no caminho da praia. Mas agora não há livros, nem prateleiras, nem caminho da praia”, escreveu, num dos seus últimos textos.
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