Estavam reunidas todas as condições para ser uma noite histórica para João Mário. Porque nunca um jogador do Benfica tinha marcado três golos num encontro da Liga dos Campeões no atual formato, porque nunca o jogador tinha marcado um hat-trick na carreira nos seniores, porque nunca ninguém podia imaginar que um dos melhores marcadores da última temporada, que na presente época tem andado numa relação mais azeda, conseguiria marcar tantos golos em 34 minutos do que fizera em todos os jogos em 2023/24. No entanto, e sem que nada o fizesse prever, acabou por ser uma noite histórica para o Benfica mas pelas piores razões possíveis: pela primeira vez desperdiçou uma vantagem de três golos ao intervalo em casa.

A vingança de João Mário acabou traída pela não frieza de Schmidt (a crónica do Benfica-Inter)

Ao todo, foi apenas a 13.ª vez que uma equipa teve três golos de avanço ao intervalo e não ganhou nas provas europeias, entre 11 empates e duas reviravoltas. Contudo, o Benfica juntou-se ao Liverpool como as únicas formações que permitiram que isso acontecesse por mais do que uma vez, recordando o encontro dos encarnados com o Besiktas também na Champions que passou de 3-0 para 3-3 como esta receção ao Inter. Com isso, e entre uma bola ao poste de Barella que podia ter deixado as águias de fora das competições europeias de forma automática, o campeão nacional fica obrigado a ir à Áustria ganhar por dois ou mais golos de vantagem para conseguir o apuramento para a Liga Europa, evitando aquela que seria uma saída precoce das provas internacionais logo em dezembro como não acontece há cinco anos.

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De forma natural, até mesmo para João Mário, a noite acabou em desilusão, sendo que, no caso de Roger Schmidt, os protestos veementes durante e após o jogo ainda no relvado com a equipa de arbitragem (que lhe valeu um cartão amarelo aos 90′) tiveram de seguida prolongamento na zona de entrevistas rápidas.

[Ouça aqui a análise do ex-árbitro Pedro Henriques no programa Sem Falta da Rádio Observador]

Nem árbitro nem VAR. Uma arbitragem desastrosa.

“O que se passou? Uma boa questão… Fizemos um bom jogo, uma boa primeira parte. Controlámos, fomos compactos, capazes de ganhar bolas, ter boa posse, conseguimos ter bons momentos e marcámos golos. Hoje fomos eficazes nas oportunidades que tivemos e foi uma primeira parte perfeita. Na segunda sofremos dois golos de forma muito fácil para o adversário. Depois houve o penálti, a expulsão…. Uma situação difícil. Os jogadores mostraram atitude, mesmo com dez. Tentaram ganhar, era possível, tivemos oportunidades. No final, temos de de aceitar o empate. É pena ter havido tantos erros contra nós mas também faz parte do jogo…”, começou por comentar na flash interview da DAZN Portugal, antes de visar a arbitragem.

“Quebra na segunda parte? A segunda parte não tem nada a ver com entrar a dormir. Jogámos contra uma grande equipa, as bolas paradas acontecem. E, antes do segundo golo, podíamos discutir uma falta no meio-campo. O penálti… Bem, temos seis árbitros a trabalhar juntos e depois é isto, é esta a performance. É um desastre. Estou horrorizado com a exibição que tiveram, que seja possível que tantas coisas sejam decididas de forma errada. É incrível isto acontecer como aconteceu”, apontou o treinador germânico.

“Na minha opinião, os meus jogadores mereciam ter ganho este jogo mas infelizmente… O desempenho da equipa de arbitragem… Estou horrorizado com este grupo de arbitragem. Para mim, é inacreditável que isto possa ser possível na Liga dos Campeões. Se precisávamos de provas de que os árbitros não têm estado à altura dos grandes jogos, hoje tivemos isso mais uma vez. Ao todo, estiveram seis pessoas envolvidas na decisão de assinalar um penálti que não é penálti. Mostraram um cartão vermelho que não é cartão vermelho. Lançamentos e cantos não existem… É inacreditável. Tudo o que podiam ter feito de errado, fizeram. Foi um autêntico desastre. Os meus jogadores mereciam algo melhor hoje”, acrescentou mais tarde na conferência de imprensa, recusando a ideia de quebra dos encarnados entre a primeira e a segunda parte.